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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

AÇUDE MORORÓ CORRE O RISCO DE SER CONDENADO AO ABANDONO TOTAL.

O que foi um dia cartão postal da cidade de Tenente Ananias, o açude Mororó, que segundo estudiosos, pode ser corruptela que designa os monxorós, integrantes de uma tribo indígena brasileira, hoje retrata os momentos de angústia de quem está por um fio. Na verdade, a simbologia encontra-se em uma poesia do repentista pernambucano Diomedes Mariano, quando se portou ao Rio Pajeú que está em situação semelhante, e disse: "Quem foste tu, quem tu és? Foste um dos fortes pajés, impondo enorme respeito. És hoje um índio cansado, tendo um sentimento ilhado, na solidão do teu leito".
Assim descrevo o sofrimento do Açude Mororó, um buraco vasto, mas sem o seu principal componente: a água. O Mororó vive dias de "invasão" por pessoas que ali plantam capim e outras gramíneas para em sua grande parte, vender a criadores da cidade. Nitidamente, "lotearam" o leito do açude e transformaram em fonte de renda para muitos. Plantam e têm lucros em terras que são públicas, tendo em vista que as terras que abrangem o açude Mororó são patrimônio estadual. Os ex-proprietários foram indenizados devidamente, conforme informações. Esse detalhe ganha respaldo, já que sabemos que uma obra pública para ser executada em terras alheias, só se é possível em caso de doação ou indenização. O Mororó foi construído pelo então governador José Agripino, em 1985.
Ouvindo populares no dia de hoje, soube de forma mais detalhada dos dias de agonia do Mororó. Um dos pontos mais criticados por alguns moradores, são as divisões por cercas dentro do leito do açude. A comercialização de capim e similares que é feita no local, é motivo de queixa. Inclusive, segundo informações, um empresário do ramo ceramista sugeriu fazer parte desta limpeza, retirando a lama do reservatório para utilizar nas suas empresas, com recursos próprios. Isso foi prontamente recusado por algumas pessoas que se beneficiam da seca do açude para plantar capim, melância e jerimum.
Um outro residente às margens do açude, disse: "Já imaginou qual será a qualidade da água, quando voltar ao Mororó, com todo esse capim plantado no meio do açude? Por que com a água, esse capim tende a apodrecer e como ficará a água", explanou.
Uma senhora que acompanhou nossa visita ao local, disse que lembra com saudades nos tempos de "vida" do velho Mororó. "Era tempo de fartura e respeito pelo bem comum. Hoje, nada mais resta e a cada dia apropriam-se do nosso açude. Isso tem que acabar, expressou a mulher em tom de quem estava com dó da visão que tem do Mororó.
Em busca de solução para o Mororó, que tem capacidade de 12.000.000 metros cúbicos, o vereador e presidente do legislativo tenenteananiense, Francismundo da Silva, "Magal", irá até a capital potiguar, onde na segunda-feira terá audiência com o presidente da assembleia legislativa, deputado Ezequiel Ferreira e no dia seguinte será recebido pelo também deputado Gustavo Carvalho. Os primeiros passos serão para viabilizar junto aos órgãos competentes, medidas que visem "ressuscitar" este reservatório de tanta importância para Tenente Ananias. Já na quarta-feira, possivelmente o vereador fará uma visita ao titular da SEMARH, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Mairton Figueiredo de França, com o intento de que seja feito um estudo, para propiciar ao Mororó condições para receber as águas que cedo ou tarde chegarão ao reservatório. "Devemos aproveitar esta estiagem, para colocar em prática ações que possibilitem trazer estes benefícios futuros. A limpeza e o desassoreamento do Mororó são as medidas que deve ser tomada já, enquanto não temos nenhum volume de água, para que possamos juntar uma quantidade suficiente, no inverno, para atravessar anos de seca semelhante a que vivenciamos hoje. Estou indo para mais essa batalha, com o apoio integral da nossa prefeita Mazé, que deu-me carta branca para fazer com que nosso Mororó volte aos dias de glória", finalizou Magal.

Para realçar mais ainda o cenário que ver-se no Mororó, volto a citar a obra-prima de Diomedes Mariano, que diz: "Hoje acumulam lixos, como mato, arame e fio. Vamos salvar nosso irmão, que está de vela na mão, mas ainda não morreu".

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