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domingo, 8 de julho de 2012

DESPESA PARA ELEGER VEREADOR ULTRAPASSA DECLARAÇÃO FORMAL.

Uma linha tênue separa realidade de ficção nas declarações de gastos dos candidatos a vereador da capital. Como acreditar, por exemplo, que um concorrente à Câmara Municipal de Natal (CMN) desembolse somente 278 reais para pagamento de custos dos mais essenciais de campanha, como a impressão de material de divulgação, aluguel de carros para transporte de assessores, entre outras despesas consideradas indispensáveis? Esse gasto foi informado à Justiça Eleitoral por um dos atuais parlamentares da CMN, dados referentes ao pleito de 2008. A disparidade é aparente, muito se comenta, mas a sociedade não sabe de maneira clara qual o desenho financeiro entre concorrentes para se elegerem vereador. Entre os eleitos, as campanhas são caras e as exceções a essa regra ainda são raríssimas - ainda se sobressaem uns poucos, que dispõem do chamado voto ideológico ou por afinidade. Mas, não se pode generalizar. Porque existem alguns que, inegavelmente, possuem parcos recursos.
A rigor, o candidato pode chegar a gastos de até R$ 1,5 milhão para se eleger, montante esse que não se coaduna com a média de R$ 38 mil declarada à Justiça Eleitoral pelos atuais 21 parlamentares do legislativo natalense. No "mercado" das campanhas eleitorais existe o orçamento "confesso" e o "omisso". Há ainda uma espécie de correlação entre as estratégias montadas, que se confundem na definição de tarefas e despesas consideradas indispensáveis. Esse sistema integrado é mais comum entre os parlamentares que tentam a reeleição. É lógico que não se trata de um orçamento tabelado e previamente acertado, mas a média de pagamento aos serviços prestados diversos, entre eles, é parecida.
Há, por exemplo, um batalhão de aproximadamente 500 lideranças comunitárias que parlamentares municiam de R$ 400 a R$ 500 por mês esperando deles a intermediação e o filtro acerca das demandas requeridas pela população mais carente. Os pedidos se perdem em meio a vastidão - a lista contém solicitações das mais diversas, como carteira de motorista gratuita, milheiros de telha, cadeiras de rodas... É comum essas mesmas lideranças promoverem feijoadas, cafés da manhã e eventos diversos para apresentarem o candidato à comunidade, falar das propostas e, sutilmente, pedir o voto. Como é proibido pela Justiça, o protagonista passa no local como em uma coincidência qualquer.
Assessores ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, muitos deles responsáveis pela articulação de campanha, relataram ainda como se dá o modelo adotado para a realização de carreatas que cortam a cidade em atividades de campanha. "Fornecemos um tanque para cada automóvel", admitiu ele. A Justiça proíbe o oferecimento de qualquer vantagem que beneficie o eleitor. O que mais surpreende, no entanto - e por ironia se constitui no principal trunfo dos candidatos mais experientes e com condições financeiras mais favorecidas - é o estratagema montado para o dia da eleição, por meio da chamada boca de urna. O esboço programado, neste caso, é o seguinte: de 10 a 20 mil pessoas remuneradas com R$ 20, cada uma. O resultado esperado muitas vezes não é confirmado. "Eles pagam 100% para contar com 30% desses votos", resumiu o assessor de campanha.
O descumprimento, para muitos, é flagrante. O advogado Paulo de Tarso Fernandes observa que a falta de conscientização dos candidatos emoldura essa relação "ficção/realidade" dos gastos dos candidatos.

Fonte: Maria da Guia Dantas/Tribuna do Norte

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