Sem citar Bolsonaro, decano do STF diz que fraudes ocorrem em voto manual e que defesa por voto impresso esconde "intenção que não é boa"
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, rechaçou nesta sexta-feira as ameaças sobre a realização das eleições caso não haja voto impresso e disse que o discurso de não aceitar o resultado dos pleitos "esconde algum tipo de uma intenção subjacente, de uma intenção que não é boa". O ministro ainda chamou a atenção para os "efeitos deletérios" das fake news no processo eleitoral.
— Vamos parar um pouco de conversa fiada. Claro que todos nós somos favoráveis à audibilidade da urna, e ela é auditável. Os partidos as vezes nem comparecem a todos esses eventos pq consideram que a urna funciona bem —, afirmou o ministro em debate online sobre o futuro do sistema de governo do Brasil, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que disse ter "confiança no qual sistema eleitoral".
Sem citar Bolsonaro mas em uma referência direta ao presidente, Gilmar falou do "grande problema" gerado pelas fake news e citou videos divulgados em live na internet sobre fraude na urna eletrônica.
— A gente vê nas lives notícias sobre uma fraude na urna eletrônica, no voto. Quando na verdade aquilo se vê, a priori, que é uma montagem, mas isso tem um efeito deletério porque afeta a credibilidade do eleitor mais simples em relação a uma decisão que é vital, que é a decisão sobre o processo democrático —, observou. Nesta quinta-feira, em sua live semanal, o presidente exibiu uma série de vídeos de supostos problemas com as urnas eletrônicas para "provar" a necessidade do voto impresso.
Para o decano do STF, o Brasil adotou o voto eletrônico em razão de toda a experiência brasileira com as fraudes no processo do voto manual, ou na contabilização do voto manual. Na avaliação de Gilmar, trata-se de uma "falsa questão", mas que precisa ser tratada com a "devida importância":
— Parece que essa ideia de que sem voto impresso nós não podemos ter eleição ou não teremos eleições confiáveis esconde algum tipo de uma intenção subjacente, de uma intenção que não é boa, porque de fato nas últimas eleições nós tivemos inúmeras surpresas. Os candidatos que pontuavam nas pesquisas, na última hora não apareceram como vencedores, e por que? Houve fraude? Não, por que o eleitor resolveu mudar — pontuou.
Fonte: O Globo
Foto: Agência O Globo
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