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domingo, 23 de agosto de 2020

"DENÚNCIA" DE DEPUTADO BOLSONARISTA ALIMENTOU O DOSSIÊ SOBRE ANTIFACISTAS

Um ofício escrito contra manifestantes antifascistas por um deputado estadual do PSL do Rio Grande do Sul, defensor da liberação de armas de fogo à população, é um dos anexos do dossiê produzido pelo Ministério da Justiça sobre o movimento Policiais Antifascismo e quatro acadêmicos considerados "formadores de opinião".
Por nove votos a um, nesta quinta-feira (20) o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou o Ministério da Justiça parar de produzir relatórios de inteligência do gênero. Sob pressão, dias antes o ministro da pasta, André Mendonça, entregara cópias de parte dos relatórios do órgão ao Congresso Nacional, aos ministros do STF e à PGR (Procuradoria Geral da República).
A coluna apurou que um dos anexos do dossiê é uma carta datada de 27 de maio e dirigida ao procurador-geral de Justiça do RS, Fabiano Dallazen, pelo deputado estadual e empresário Ruy Irigaray (PSL-RS), 37. O parlamentar chamou o ofício de "denúncia". Nas redes sociais, ele se declara bolsonarista e armamentista, tendo criado um suposto "movimento" de direita chamado "Armas S.A.", que defende a revogação do Estatuto do Desarmamento e diz que "o porte e a posse legal de arma são direitos inalienáveis do cidadão".
Irigaray aparece na internet em fotos, inclusive empunhando o que parecem ser armas de fogo reais, ao lado de um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSLSP). Em 11 de abril de 2019, por iniciativa de Irigaray, a Assembleia Legislativa do RS concedeu a Eduardo uma medalha de "Mérito Farroupilha".
Não está claro como a carta dirigida ao MP gaúcho chegou à Seopi (Secretaria de Operações Integradas), em Brasília, uma das cinco secretarias do Ministério da Justiça, setor que produziu o dossiê sobre os policiais antifascismo. O deputado enviou o ofício ao MP no final de maio e o relatório da Seopi foi produzido na primeira quinzena de junho.
A carta anexada ao dossiê tem onze páginas. É basicamente formada por fac-símile de publicações em redes sociais. O parlamentar bolsonarista diz ao procurador que está a "denunciar movimento extremista existente na cidade Porto Alegre, com vínculo na [sic] organização criminosa doméstica denominada Antifa com origem nos EUA".
O parlamentar endossa uma mentira comum na internet, a teoria conspiratória sem prova e que já foi desmentida por agências de checagem de informação, de que os antifas são organização "terrorista doméstica patrocinada por Soros" com objetivo de "promover o ódio, a violência e a divisão", em uma referência a George Soros, um bilionário e filantropo húngaro radicado nos EUA que apoia diversas organizações não governamentais em países diversos nas áreas de cultura, comunicação e direitos humanos.
LEIA MATÉRIA COMPLETA AQUI

Fonte: Rubens Valente/UOL
Foto: Reprodução/Rede Social

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