Seria um exagero dizer que Dilma espera contar com duas armas poderosas para ajudá-la a derrotar a aceitação do impeachment pelo Senado. Mas, afinal, são duas armas nas quais ela põe fé. E são as únicas, no momento, que ela imagina dispor.
A primeira: Renan Calheiros (PMDB-AL), o todo-poderoso presidente do Senado. É fato que ele responde a sete inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), mais do que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) responde. No entanto... Ninguém liga para isso.
Quem sabe se Renan, que não gosta de Temer, que também não gosta dele; quem sabe se Renan não usa de toda a sua influência para salvar Dilma? O que ele ganharia? O que pedisse, ora. Resta saber se Renan não preferirá pedir a Temer a pedir a Dilma.
A segunda arma de Dilma: a ministra da Agricultura Kátia Abreu. Pois é, acredite. Kátia é também senadora. E Dilma pensa em despachá-la de volta ao Senado para, ali, costurar apoios contra o impeachment.
É fato que Kátia só conseguiu um voto para derrotar o impeachment na Câmara: o do seu filho Irajá Abreu (PSD- TO). Mas quem sabe no Senado ela não será mais bem-sucedida? Kátia é muito querida entre os senadores. No passado, já foi mais querida por Temer.
Em conversa, ontem, com amigos em São Paulo, Lula jogou a toalha. Não acredita nas chances de o Senado se recusar a julgar Dilma. E basta que não se recuse para que a sorte final de Dilma seja selada – a cassação dos direitos políticos e do mandato.
Se Renan não der um jeito, se Kátia não der, restará a Dilma uma última esperança: a inegável disposição, até aqui, do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, em ajudá-la. Será ele que presidirá o julgamento no Senado como manda a lei.
Em socorro a Dilma, ele voltou a repetir, ontem, que se o governo entrar com um recurso no STF, caberá ao plenário decidir se analisará ou não o mérito do processo do impeachment contra ela. O governo pensa em entrar, sim.
Lewandowsk sente-se devedor de Lula e, principalmente, de dona Marisa, mulher de Lula. Foi por indicação dela que seu nome passou a ser examinado pelo então presidente da República como candidato a uma vaga de ministro no STF. Acabou emplacando.
No julgamento dos mensaleiros, Lewandowsk fez o que pôde para amenizar as penas de vários deles. Esbarrou no ministro Joaquim Barbosa, então presidente do STF. O que ele aspira agora é trocar o tribunal por outro bom emprego. Uma embaixada, talvez.
Se sobrevivesse no cargo, Dilma certamente levaria isso em conta.
Fonte: Ricardo Noblat/O Globo
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