Toda vez que lemos ou ouvimos a palavra “República” nos remetemos ao filósofo Platão. Brilhante discípulo de Sócrates, Platão é um dos grandes filósofos da Grécia antiga e o mais politizado deles. É pelos seus trabalhos que encontramos uma categoria que é classificada como diálogos socráticos. Como Sócrates não deixou nenhum trabalho escrito, é através de Platão que o conhecemos.
A expressão “República” é uma tradição latina para Politeia (no original grego), obra escrita por Platão possivelmente em torno de 380 a.C., particularmente rica em termos filosóficos, políticos e sociais. Nessa obra, está a busca de uma fórmula que garanta uma harmoniosa administração a uma cidade, mantendo-a livre da anarquia, dos interesses e disputas particulares e do caos completo. O local do diálogo é a casa de Polemarco, irmão de Lísias e Eutidemos, filho do velho Céfalo. Os principais personagens do diálogo são Sócrates; os dois irmãos de Platão, Glauco e Adimanto; Nicerato, Polemarco, Lísias, Céfalo e Trasímaco.
Trazidos para o presente, os personagens do diálogo de Platão se encaixam no momento sócio-político vivido pelo povo brasileiro. O sofista Trasímaco dizia que a força é um direito, e que a justiça é garantida somente aquele que é o mais forte. Trasímaco pode se encaixar no comportamento de um Eduardo Cunha da vida. Enredado na Operação Lava Jato, colocou como pretexto de uma ruptura política com a Presidencia da república uma suposta “perseguição” jurídica. E ainda atacou o Procurador-Geral da República. Ainda na República (a obra literária), Sócrates começa a dialogar com Gláucon e Adimanto, definindo o ato de governar como estar a serviço dos governados, que a justiça é superior à injustiça e é preferível sofrer a injustiça do que praticá-la. Supomos ingenuamente que seja esse o pensamento da Presidente Dilma pela sua inação em relação a esse déspota Eduardo Cunha.
Nos livros II a V d´a “República”, os diálogos evoluem para a definição dos princípios da justiça, ou seja, o que constitui a verdadeira justiça administrada à população. O primeiro princípio da justiça seria a solidariedade social, forma pela qual a pessoa contribui para o bem-estar coletivo. O segundo é o desprendimento, dever consciente de pessoas realmente dispostas a prover o bem comum.
Paro aqui com o exemplo literário. O Brasil não mais se enquadra nesse modelo platônico. Somos uma quimera de sonhos de uns poucos, contra a realidade de uma maioria de abutres que se alimentam das virtudes edificantes dessa nação. Vivenciamos um processo de desconstituição dos nossos valores e sentimentos republicanos. E é fato, os nossos dirigentes políticos, sociais, religiosos e jurídicos não dão exemplo.
Passamos por um retrocesso de ordem ético/moral. As denúncias são repetidas rotineiramente sem estarrecer a mais ninguém. Num país onde os maiores empresários estão na cadeia, e acusam, com pedras de sujeiras atiradas por bodoques da imoralidade contra os maiores nomes da nossa democracia representativa, chegamos ao fim do poço. Batemos no chão, no mais risível e primitivo patamar civilizatório de convivência social. Estamos no ralo, dentro do esgoto.
Como República, estamos de joelhos. Os poderes republicanos estão confiados a roedores da impolutice e descarados descomprometidos morais. São velhas raposas dominando um “galinheiro”, com assaltos e sobressaltos diários. A artimanha aí está, de todos os poderes republicanos, posta sob nossos olhos, certos, seus artífices, de que somos todos obnubilados mentais, carentes de inteligência e lucidez. É o jogo do Poder, a mais não poder, para encobrir aquilo que não interessa e preservar o desequilíbrio de forças da Nação, vítima da ação pertinaz dos exploradores do povo.
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Fonte: Marcos Araújo é Mestre em Direito Constitucional; Professor da universidade do estado do Rio Grande do Norte; Advogado militante na área de Direto Eleitoral/http://www.novoeleitoral.com/
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