O PT chega a mais uma eleição para a escolha de seu presidente bastante mudado em relação ao partido socialista e de massas criado há 34 anos, dividido entre os sonhos do passado e o pragmatismo político imposto a quem governa o país.
Para se ter uma ideia dessa transformação, mais de 60 por cento dos filiados do PT ingressou na legenda depois da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, segundo o deputado federal e ex-presidente do partido Ricardo Berzoini (SP).
Essa transformação tem um preço. Durante um debate entre os candidatos a presidente, um petista subiu ao palco e disse em tom de reivindicação que era um "absurdo" os militantes do Distrito Federal não serem convidados para cargos de confiança no governo local ou ver pessoas de outros partidos ocupando cargos "com os melhores salários".
Cenário bem diferente dos primeiros tempos, quando o partido dependia só do trabalho voluntário dos militantes seja nas campanhas eleitorais ou em pequenas barraquinhas vendendo bótons para conseguir fundos para a legenda.
A eleição interna ajuda a expor novamente as divisões internas e a crise de consciência que aflige ao menos parte dos petistas. E ela fica ainda mais evidente nas discussões entre os seis candidatos que disputarão o pleito marcado para o próximo dia 10.
Os discursos da maioria deles são recheados de críticas à política de alianças, em especial com o PMDB, maior partido aliado do governo no Congresso; contra a relação do governo com os movimentos sociais; contra as decisões de cúpula do partido; e contra o leilão do Campo de Libra, a maior reserva de petróleo já descoberta no país.
Alvo de muitas das críticas em debate realizado em Brasília na semana passada, o atual presidente, e candidato à reeleição, Rui Falcão (da chapa "Partido é para todos, na luta") desabafou: "às vezes dá a impressão que somos oposição ao nosso governo".
Mas as reclamações não chegam ao ponto de algum candidato defender o "volta Lula" ou questionar o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, embora não faltem queixas sobre a relação mais distante dela com o partido.
Fonte: http://br.reuters.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.