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segunda-feira, 23 de julho de 2012

MESMO COM SALÁRIOS E AUXÍLIOS, VEREADORES DECLARAM AO TSE QUE FICARAM MAIS POBRES.

Dos 53 vereadores que tentarão se reeleger em SP, 15 apresentaram patrimônio menor em relação a 2008; fiscalização das declarações é ‘incipiente’, diz vice-procuradora eleitoral.

A Câmara Municipal de São Paulo, maior colégio eleitoral do País, tem 55 vereadores, dos quais 53 serão candidatos à reeleição em outubro deste ano. Apesar de a maioria dos parlamentares ter apresentado crescimento de patrimônio em relação à declaração de bens entregue em 2008 à Justiça Eleitoral, há casos em que os representantes da população paulistana no Legislativo “empobreceram”. Mesmo fenômeno é verificado em outras capitais do País.
No caso de São Paulo, dos 53 vereadores que tentarão um novo mandato, 38 declararam ter um patrimônio maior agora e, por outro lado, 15 “empobreceram” em relação à última eleição. Atualmente, o salário de um vereador na capital paulista é de R$ 9.288,05 brutos (R$ 7.178,05 líquidos). Além disso, de acordo com a assessoria da Câmara, cada gabinete dispõe de uma verba de R$ 106.452,03 para o pagamento mensal dos 18 assistentes parlamentares e mais R$ 17.287,50 para que o vereador possa custear despesas como serviço gráfico, correio, assinatura de jornais, deslocamentos pela cidade e materiais de escritório.
Quem apresentou a maior perda de patrimônio nos últimos quatro anos foi o vereador Roberto Trípoli (PV), que declarou possuir bens correspondentes a R$ 2.073.587,39 em 2008 e, quatro anos depois, registrou o montante de R$ 299.030,00 (uma perda de R$ 1,775 milhão). À reportagem do iG, por meio de sua assessoria, Trípoli alega que houve um erro na publicação de seus dados pela Justiça Eleitoral e que o valor informado foi de R$ 2.224.111,78, com crescimento de R$ 150 mil em relação a 2008.
No grupo dos cinco vereadores candidatos a um novo mandato que mais reduziram o patrimônio na atual legislatura, aparecem dois cantores de grande sucesso no País – Agnaldo Timóteo (PR) e Netinho de Paula (PCdoB). Timóteo, eleito em 2004 e reeleito em 2008, tinha R$ 1.044.529,00 há quatro anos. Em 2012, declarou um patrimônio de R$ 504.428,20 (perda de mais de meio milhão de reais). “Eu não trabalho para o Agnaldo Timóteo, eu trabalho para 60 pessoas. E a Keyty Evelyn [sua filha adotiva, de 6 anos] multiplicou as minhas responsabilidades. (...) Isso aumenta as minhas despesas. Eu tenho que pagar a escola da Keyty, a segurança dela, motorista, babá... Mas eu tenho conseguido solucionar os problemas.”
O vereador do PR também atribui a expressiva diminuição de seu patrimônio em quatro anos à queda no número de shows realizados. “Meu número de shows já é muito pequeno. Eu não estou na mídia. É o suficiente apenas para resolver os ‘pepinos’. Hoje eu estava vendo pela manhã que o menino que canta “Tchê Tchê Rerê” [o cantor Gusttavo Lima] ganha R$ 8 milhões por mês. O meu patrimônio não chega a isso. Eu tive que vender um apartamento que eu tinha em Ipanema [no Rio de Janeiro] para comprar o que eu tenho aqui, vendi a casa da minha mãe. Depois, comprei um apartamento na planta, não consegui pagar (...) No final, deve sobrar uns R$ 12 mil para mim. É muito pouco”, diz.

A reportagem do iG tentou entrar em contato com Netinho, que declarou ter hoje R$ 238.827,65 (em 2008, o valor declarado foi de R$ 1.371.750,00). A assessoria do vereador informou que ele estava em viagem ao Rio cuidando de detalhes contratuais com a sua gravadora e que, na declaração de bens para a candidatura ao Senado, em 2010, Netinho já havia divulgado um patrimônio menor que o declarado em 2008 (R$ 192.600,00). Neste período, segundo a assessoria do parlamentar, filhos de Netinho alcançaram a maioridade, e o vereador transferiu alguns dos bens que estavam em seu nome para os jovens.
Completam o grupo do que ficaram pobres na Câmara de São Paulo Milton Leite (DEM) e Dalton Silvano (PV). O primeiro, aliás, apesar da queda no valor de seus bens, detém o quarto maior patrimônio entre todos os 55 vereadores da Câmara paulistana: R$ 2.663.493,37. Em 2008, ele declarou ter R$ 3.704.113,81. “Não houve aumento nem diminuição. É que na última eleição a minha esposa declarou algumas coisas em conjunto comigo. O meu advogado me recomendou declarar os meus bens de forma individual, e foi isso o que mudou para esta eleição. Foi apenas isso. Não houve nenhuma variação significativa. Se você olhar as declarações de eleições anteriores, verá que está tudo mais ou menos estabelecido”, explica. Já a assessoria de Dalton Silvano informou que o vereador não se manifestaria sobre o assunto por conta de uma série de compromissos em sua agenda em função da campanha municipal.
Outro vereador que, apesar da diminuição no patrimônio declarado, continua como um dos mais “ricos” da Câmara é Gilson Barreto (PSDB). Ele perdeu R$ 195 mil em relação ao que possuía em 2008 (R$ 3.036.786,06) e hoje afirmou ter bens que correspondem ao valor de R$ 2.841.776,42. Só aparece abaixo de Wadih Mutran, do PP (R$ 3.884.886,01) – o único a superar a marca dos R$ 3 milhões –, e do ex-judoca Aurélio Miguel, do PR (R$ 2.888.120,10). Assim como Dalton Silvano, o vereador informou, por intermédio de sua assessoria, que não se pronunciaria a respeito.
Além de Trípoli, Netinho, Milton Leite, Dalton Silvano, Timóteo e Barreto, outros nove vereadores que disputarão a reeleição este ano também declararam ter hoje um patrimônio menor que há quatro anos: Antonio Carlos Rodrigues (PR), Fernando Estima (PSD), Noemi Nonato (PSB), Adilson Amadeu (PTB), Arselino Tatto (PT), Ricardo Teixeira (PV), Claudinho de Souza (PSDB), Gilberto Natalini (PV) e José Ferreira, o Zelão (PT). Este último, aliás, é o vereador mais “pobre” de São Paulo, com patrimônio declarado de R$ 39.098,86. Em relação a 2008, quando possuía R$ 41.441,90, houve uma pequena redução de R$ 2 mil.

Fonte: Último Segundo/Fábio Matos/iG

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