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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

OPERAÇÃO ESTANCA SANGRIA CUMPRE MAIS UMA ETAPA.

O congresso mais conservador desde 1964 cumpriu o papel que lhe cabia na Operação Estanca Sangria e enterrou a primeira denúncia por corrupção passiva da história do país contra um presidente da República. A cova é a mesma onde foi enterrada a democracia no ano passado, quando uma presidenta eleita foi deposta não por tentar comprar o silêncio de um criminoso ou por ter assessor flagrado carregando mala com propina, mas pelo hediondo crime das pedaladas fiscais.
A grande maioria dos deputados que votou pela varrição da sujeira do presidente para debaixo do tapete, havia votado para derrubar a ex-presidenta. É sempre bom lembrar como essa base de apoio herdada por Temer começou a ser construída. Às vésperas das eleições de 2014, Cunha, com ajuda de Padilha e do doleiro Funaro, teria financiado 140 deputados com dinheiro de propinas da Odebrecht para formar uma bancada com o objetivo de elegê-lo presidente da Câmara – tudo isso foi revelado por José Yunes, ex-assessor especial e amigo de Temer há mais de 50 anos. A história foi confirmada por Joesley Batista em delação e interlocutores de Funaro garantem que o doleiro fará o mesmo. Cunha foi eleito com o voto de 267 deputados. Temer se livrou da denúncia com 263.
Enfraquecido pelas denúncias e com a popularidade nas canelas, Temer viu sua base ameaçar debandada e usou despudoradamente a máquina pública para mantê-la. Arregaçou os cofres para atender qualquer demanda de qualquer deputado, distribuiu cargos, recebeu o baixo clero em seu gabinete, ameaçou traidores, enfim, fez o diabo. Tratam-se de práticas recorrentes na política brasileira, o ineditismo fica por conta do presidente tê-las utilizado unicamente para se safar de um julgamento por crime comum. E se safou.
Rodrigo Maia, que chegou a articular nos bastidores uma traição, não resistiu ao rolo compressor governista e considerou prudente não pular do barco. Chorou na frente dos colegas de bancada e disse que sofreu muita pressão nos últimos meses. Até sua mãe mandou mensagem pedindo que ele não conspirasse contra Temer. Aí não tinha como mesmo. Decidiu não ser o Cunha da vez e trabalhou pelo engavetamento da denúncia.
Quem reagiu muito bem ao acobertamento da lama do presidente foi o mercado e o alto empresariado. A bolsa subiu, o dólar caiu.
O Financial Times tratou o engavetamento como uma “vitória histórica de Michel Temer” que trará “novas esperanças a investidores” de que o presidente “dará continuidade ao empacado programa reformas econômicas”.
Presidida por Skaf – correligionário de Temer citado na Lava Jato – a FIESP também ficou felizona. Depois de participar intensamente da derrubada de Dilma, chegando a comprar anúncios gigantescos em jornais e servir filé mignon para manifestantes, Skaf passou a dizer durante o governo Temer que não cabia à entidade discutir política. Mas eles não puderam conter a felicidade e comemoraram a “superação de mais uma etapa da crise” nessa nota oficial:
A Band demonstrou mais uma vez sua fidelidade canina a Temer e, nas vésperas da votação, deu voz aos empresários e especialistas que consideram um grande passo para o Brasil não autorizar abertura de investigação de um presidente denunciado por corrupção passiva. Essa reportagem, cuja manchete é “Por avanços, empresários defendem permanência de Temer”, é uma demonstração de carinho tão grande que equivale a uma tatuagem com o nome do presidente no ombro. De henna, é claro.
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Fonte: João Filho/theintercept.com


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