Noite de domingo, dia 20. Seis carros de polícia acompanham a chegada de uma comitiva a um hotel na praia do Atalaia, em Aracaju. O acesso a um quarteirão é fechado, enquanto a via principal é parcialmente bloqueada. Há plantão policial à porta do hotel. O hóspede é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O bloqueio de ruas, escolta policial e jantares em residências oficiais dos governadores marcaram os nove primeiros dias da caravana que Lula protagoniza pelo Nordeste.
Longe do inverno de São Paulo, o ex-presidente petista recebeu de governadores tratamento conferido a chefes de Estado durante sua passagem por Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Em Sergipe, 30 policiais militares foram destacados para a escolta do ex-presidente. Segundo a Folha apurou, a equipe de segurança do governador do Estado, Jackson Barreto (PMDB), é menor, de cerca de seis agentes.
Durante os dois dias da passagem do político por Sergipe, os 30 policiais se revezavam em duas equipes: dez agentes vistoriavam o local visitado antes da chegada de Lula e os demais o acompanhavam durante a atividade.
Um ônibus do Batalhão de Choque ficava em ruas vizinhas ao local reservado aos atos políticos para que fosse acionado em caso de emergência. Nas rodovias, a caravana também teve suporte da Polícia Rodoviária Federal. Em zigue-zague, um camburão impedia que os motoristas ultrapassassem o comboio, enquanto um policial gritava "saia da célula".
Em Sergipe, Lula jantou na residência oficial do governador. Na Bahia, ele e sua comitiva foram recepcionados duas vezes pelo governador Rui Costa (PT): em jantar e também em um café da tarde.
Além do forte policiamento, Lula teve um carro de apoio oferecido pelo Estado durante sua passagem pela Bahia. Ele também participou de ao menos duas atividades copatrocinadas pelo governo de Costa. No sábado, após participar de um reunião com o governador e prefeitos do Estado, o ex-presidente foi o convidado de honra em um ato em defesa das políticas públicas para o semiárido e a agricultura familiar.
O ato teve apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural. Organizadora do evento, a Unicafes, uma união de cooperativas agrárias, presta serviço de assistência técnica ao governo da Bahia. Ano passado, recebeu três motocicletas das mãos do governador.
Ao discursar para produtores rurais, Lula se comparou a um galo de briga. Na véspera, fez uma palestra durante um encontro da juventude realizado em praça pública no município de Cruz das Almas.
Anfitrião do encontro –que também teve apoio do governo do Estado–, o prefeito de Cruz das Almas, Orlandinho, afirmou em discurso que seus adversários o acusaram de uso da máquina em benefício de Lula.
Orlandinho, que é petista, disse, então, que o único gasto da prefeitura para a realização do evento foi para fornecimento de luz e som. Afirmou ainda que, se fosse necessário, poderia apagar a luz. E os militantes, segundo ele, poderiam fazer "uma vaquinha" para cobrir os gastos com som.
TRÂNSITO FECHADO
Quatro carros da Polícia Militar alagoana, além da Polícia Rodoviária Federal, acompanharam Lula na saída do Estado rumo a Pernambuco. Para a realização de um encontro com sindicalistas, a avenida da Paz, em Maceió, teve o trânsito fechado.
Em Pernambuco, os policiais militares chegaram em dois ônibus à cidade de Ipojuca para ato com trabalhadores do porto de Suape. A segurança foi reforçada pela guarda municipal. A prefeita, a petista Célia Sales, também participou do ato.
Em João Pessoa, agentes vistoriaram a Câmara Municipal, onde seria realizado neste sábado (26) uma homenagem a Lula. O evento foi, no entanto, transferido para uma área pública.
Pela lei, todo ex-presidente tem direito a quatro servidores para garantia de sua segurança, além de dois carros com motorista. Procurados pela reportagem, os governos estaduais não se manifestaram sobre a organização de estruturas de segurança para a caravana de Lula.
A Secretaria de Comunicação de Pernambuco informou que a Casa Militar do Estado recebeu um pedido da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela segurança de ex-presidentes.
Além da guarda pessoal de Lula, seguranças do PT e da CUT foram escalados para a proteção de Lula ao longo do percurso. Algumas atividades ou detalhes da agenda do ex-presidente só são divulgados horas antes de sua realização.
Uma das recomendações feitas ao petista foi para que não ocorressem paradas na estrada sem que estivessem previamente programadas. Simpatizantes do ex-presidente têm, no entanto, esperado à beira de rodovias pela passagem dele. Não são raros os casos em que Lula deixa o ônibus para ouvir seus admiradores.
Fonte: Cátia Seabra/Folha de São Paulo
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