No escândalo do petrolão, indicam as delações da Operação Lava Jato, o PT descobriu uma forma legal de ser desonesto. Transformou a Justiça Eleitoral em lavanderia das verbas sujas que migraram dos cofres da Petrobras para a caixa registradora da legenda. Ao defender-se no processo que pode levar à cassação da chapa encabeçada por Dilma Rousseff na eleição passada, o vice-presidente Michel Temer como que avalizou a conversão de pixulecos em doações eleitorais.
“Doação recebida e declarada de pessoa jurídica com capacidade contributiva, independentemente do que diga um delator, não é caixa dois. Até porque, como visto, o partido-autor [PSDB] foi agraciado com vultosas quantias das mesmas empresas, logo, não há mau uso da autoridade governamental pelos representados [Dilma e Temer].''
O que os advogados de Temer disseram, com outras palavras, foi mais ou menos o seguinte: 1) se a doação financeira foi registrada na Justiça Eleitoral, não importa que o dinheiro tenha sido roubado dos cofres da Petrobras. 2) ao sorver verbas das mesmas fontes que irrigaram a caixa do comitê de Dilma, o PSDB de Aécio enlameou-se. Logo, estão todos na mesma poça.
Pelo menos três delatores do petrolão —o doleiro Alberto Youssef; o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa; e o executivo da empresa Toyo Setal, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto— contaram à força-tarefa da Lava Jato que parte da verba pilhada da Petrobras foi repassada ao PT disfarçada de doação oficial.
Outro delator, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, estimou em até US$ 200 milhões o montante de propinas destinadas ao PT apenas na diretoria que era comandata por Renato Duque, preposto de José Dirceu.
Coordenador do cartel que assaltou a estatal, o empreiteiro-companheiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, contou à Procuradoria que um pedaço do butim foi convertido num superpixuleco de R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma. “Não respeito delator”, reage a presidente. “Foi tudo declarado à Jutiça Eleitoral”, repete o PT, como um disco arranhado. “Independentemente do que diga um delator, não é caixa dois”, ecoa agora a defesa de Temer.
Prevalecendo essa linha de argumentação, o TSE teria de fazer hoje o que sempre fez no passado em relação às prestações de contas de campanhas presidenciais: assumir o papel de bobo. A defesa de Temer alega que as contas da campanha já foram aprovadas. Verdade. Mas ainda não estava claro que o PT despejara nos escaninhos do tribunal propinas disfarçadas de doações. Se forem aceitas, ficará entendido que o TSE lava mais branco.
Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
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