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segunda-feira, 28 de abril de 2014

# SOMOS TODOS HUMANOS.

Foi muito bem-vindo o ativismo relâmpago de Daniel Alves ao comer um pedaço da banana lançada ao campo em manifestação racista de um torcedor do Villlarreal. O craque foi rápido na reação e surpreendeu o mundo da bola com uma atitude de protesto que, sob nenhuma hipótese, seria punida como indisciplina. É também aceitável a adesão de Neymar, outro brasileiro do Barcelona, que lançou nas redes sociais uma campanha contra o racismo, usando foto sua com o pequeno Davi Lucca e duas bananas, uma de pelúcia. São dois indícios de que ofensas raciais nos estádios europeus - e, infelizmente, também no Brasil - estão incomodando seriamente os jogadores. Já não era sem tempo.
Uma ação efetiva contra a injúria racial no futebol se faz necessária, especialmente no ano da Copa no Brasil. A Fifa instituiu em 2002 o Dia Contra a Discriminação Racial. Jogadores gravam depoimentos em vídeo e seleções entram em campo exibindo a faixa "Say no to racism" ("Diga não ao racismo"). Mais de uma década de campanha não conseguiu banir dos estádios xingamentos e gestos que relacionam negros a macacos.
Na estreia do campeonato brasileiro, a CBF lançou a campanha "Somos iguais", contra o preconceito racial e também a discriminação social, religiosa e por orientação sexual. O governo brasileiro promete a Copa Sem Racismo. Ainda hoje, a presidente Dilma Rousseff reforçou o lema em mensagens de apoio aos dois jogadores do Barcelona e da seleção brasileira.
Tudo muito louvável. Mas o racismo no futebol vai acabar (ou, ao menos, diminuir) quando houver punição severa a agressores, clubes e federações. Também hoje, o torcedor que atirou a banana a Daniel Alves foi identificado e banido para sempre do estádio El Madrigal. O caminho é esse.
No Brasil, injúria racial é crime previsto no Código Penal e passível de até três anos de prisão. Mas ninguém que ofende jogadores ou árbitros é punido, pela dificuldade de identificar o agressor na multidão. Sob anonimato, é possível ofender e ficar impune. Por isso, são essenciais códigos de conduta e regulamentos que punam clubes e entidades pelos atos dos torcedores.
No início de abril, a Superintendência de Igualdade Racial da Secretaria estadual de Direitos Humanos do Rio, junto com órgãos equivalentes da capital e das cidades de Nilópolis, São Gonçalo, Petrópolis, Paulo de Frontin e Macaé, enviou ofício ao Conselho Nacional de Justiça pedindo atenção aos casos de racismo no país. O grupo quer que o CNJ, presidido pelo ministro Joaquim Barbosa, do STF, reveja, em audiência, "procedimentos, entendimentos e interpretações equivocadas" de Tribunais de Justiça na apreciação de crimes raciais. Até aqui, não houve resposta ao pleito.
Enquanto isso, é bom que os brasileiros se mobilizem em torno da louvável atitude dos atletas. Mas é recomendável atenção ao ativismo oportunista, materializado em bens de consumo e ações de marketing que, no fundo, nada fazem contra o preconceito.
No mais, boas intenções à parte, o que nos une é a humanidade. Assim, #somostodosHUMANOS, não macacos.


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