Ministério procurou MP; pasta preservou sigilo e orienta ligação para 180.
No balanço das notas, MEC diz que 104 alunos tiveram nota mil na redação.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira (11) que os avaliadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) identificaram 55 redações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015 com relatos “contundentes” de mulheres sobre episódios de violência. Segundo Mercadante, as redações indicam que elas teriam sido vítimas ou testemunhas dos casos.
Nesta edição, o tema foi "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".
Diante dos relatos, o MEC afirmou ter consultado órgãos de proteção à mulher sobre quais medidas tomar. Preservando a privacidade das mulheres, a pasta decidiu orientar que as candidatas procurem ajuda por meio do telefone 180.
“Tivemos redações em que as mulheres descreviam cenas de violência em que foram vítimas ou testemunhas. Não sabemos necessariamente se aquele texto é um depoimento, mas tudo indica que sim”, afirmou.
De acordo com Mercadante, após a consulta ao Ministério Público e à Secretaria de Políticas para as Mulheres, o MEC decidiu não entrar em contato diretamente com as estudantes que descreveram as agressões na redação. Segundo o ministro, a opção por reagir dando orientações públicas foi tomada para não colocar a vida das candidatas do Enem em risco.
“Vamos supor que o agressor tem acesso ao e-mail [da mulher que relatou a violência]? Não podemos tomar a iniciativa. O que estamos dizendo é que, assim como estamos tendo sigilo com a redação dela, a informação que ela der pelo 180 [número da Central de Atendimento à Mulher] será preservado com total sigilo. Há casas de proteção. Só tem um jeito de proteger, é ela tomar iniciativa”, disse Mercadante.
A Central de Atendimento da Mulher atende pelo número 180. É um serviço do governo federal que recebe denúncias e relatos de violência contra mulher. Por esse número, as vítimas são orientadas quanto aos seus direitos, a legislação vigente e encaminhadas à órgãos de investigação quando necessário.
Mercadante lembrou ainda que houve uma tentativa de "crítica ideológica" ao tema da redação, mas que a permanência da violência contra a mulher trata-se de "um fato". "O país ainda tem muita violência contra a mulher", disse. "Eu acho que esse debate é muito bom."
Fonte: Nathalia Passarinho/http://g1.globo.com/
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