Partido já recebeu R$ 72 milhões este ano do Fundo Partidário, mas pode ter parcelas suspensas.
Endividado e sob risco de perder três meses de Fundo Partidário, além de ter de pagar mais de R$ 7 milhões em multas, o PT apertou o cinto e resolveu cortar luxos e regalias. Para o seminário nacional realizado nesta quinta e sexta-feira em São Paulo para discutir a organização da legenda, os dirigentes se encontraram em um hotel bem mais modesto do que os que têm sido utilizados pelo PT nos últimos anos. O auditório fica no 20º andar de um prédio antigo no Centro da cidade, em um espaço que deixou apertados os quase cem participantes, que tiveram de dividir quartos com os colegas. As medidas de contenção adotadas pelo tesoureiro Márcio Macêdo geraram uma redução de gastos da legenda de 30%, mas ainda não foram suficientes para sanar as dívidas.
O partido não revela seu orçamento nem o valor da dívida. A prestação de contas foi entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ainda não consta no site do tribunal para ser tornada pública. No entanto, apesar do clima de austeridade, a legenda já recebeu, até agosto deste ano, R$ 72,59 milhões do Fundo Partidário. Com mais parlamentares, o PT fica com a maior fatia do fundo, de cerca de 8,95%. PSDB e PMDB, por sua vez, receberam R$ 59,4 e R$ 57,9 milhões até agora. Os dados são do TSE.
‘SECA’ DE DOAÇÕES PRIVADAS
Este ano, devido ao estrago à imagem da legenda causado pela Operação Lava-Jato, o partido suspendeu o recebimento de doações empresariais. Defendida pelo presidente do PT, Rui Falcão, a medida não é consenso entre os dirigentes. Um dos pontos mais acirrados de discussão durante o seminário foi o financiamento privado. No congresso do partido, em junho, os dirigentes já haviam delegado a decisão ao diretório nacional, que ainda não tratou do caso. Mas o fato é que, mesmo que as doações estivessem liberadas, há uma retração das empresas em destinar dinheiro ao partido. Os dirigentes nacionais avaliam que a “seca” é sentida não só no PT como nos outros partidos.
A interlocutores, Macêdo afirmou que as finanças do PT saíram do “momento crítico”, mas tem pregado a continuidade das medidas de austeridade, que espera que sejam adotadas também pelos diretórios regionais. Ele já explicou, por exemplo, que o congresso do PT em Salvador custou um terço do orçamento previsto. O temor dos petistas é que o TSE mantenha a multa e a sanção ao Fundo Partidário devido à rejeição das contas de 2009. A grande polêmica das contas é que elas registram os pagamentos ao Banco Rural por empréstimos que, segundo o processo do mensalão, teriam sido fictícios.
No seminário interno, o tesoureiro petista defendeu que os dirigentes se envolvam na campanha de arrecadação do partido nas redes sociais. Na segunda-feira, os sites e páginas de internet ligados ao PT devem difundir a campanha, denominada “Seja companheiro, seja companheira”. A doação mínima é de R$ 25 e deve ser feita pela internet. Na reunião, o tesoureiro anunciou que o diretório nacional vai ficar com 60% das doações, deixando 20% para o diretório do estado e 20% para o do município do doador.
Fonte: Tatiana Farah/http://oglobo.globo.com/
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