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quinta-feira, 1 de abril de 2021

RN SÓ TEM ESTOQUE DE ANESTÉSICO USADO PARA INTUBAR PACIENTES EM UTIS PARA 15 DIAS

Com atual ritmo de internações, Unicat se preocupa com abastecimento de insumos nos hospitais do estado. Segundo direção, há medicamentos que também só tem estoque para 30 dias.

O Rio Grande do Norte só tem mais 15 dias de estoque do anestésico Midazolam, um dos usados no processo de intubação de pacientes com Covid-19, caso o ritmo de internações siga o atual pelas próximas semanas.

A situação de baixa capacidade para fornecimento às unidades de saúde foi confirmada pelo diretor técnico da Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), Thiago Vieira, que considera o risco de desabastecimento desse e outros medicamentos do kit intubação "iminente" caso o consumo siga crescente e sem previsão de reabastecimento.

Segundo ele, além desse medicamento, há outros utilizados na intubação com previsão de acabar em até 30 dias.

"Dos medicamentos do kit intubação, que são em torno de 15, nós temos medicamentos pra 15 dias de consumo alguns deles, temos outros para 30 e até 90 dias. O risco de desabastecimento é iminente. Se a gente continuar nesse nível de internação hospitalar, de pressão do sistema, acontece sim o risco de falta desses insumos", explicou.

Segundo o boletim da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), atualmente há 352 pacientes internados em leitos críticos do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado, cerca de 86% do total. Nos hospitais privados, que também já passam por risco de desabastecimento, segundo o diretor, são 238 internados em leitos críticos no estado - 100% de ocupação.

Thiago Vieira explicou ainda que atualmente o perfil das pessoas intubadas com a doença mudou, tendo pacientes mais jovens, que contam com inflamações graves e precisam do uso do medicamento. Desde o início da pandemia, houve um aumento de 300% no consumo dos medicamentos do chamado kit intubação.

"A internação desse paciente demanda diversos insumos, entre eles os medicamentos do kit intubação. Hoje nós temos um outro sinal dessa pandemia, que são os pacientes mais jovens, que vão demandar mais anestésicos e mais bloqueadores", disse.

Segundo o médico anestesista, Max Breno, a intubação requer um "arsenal de medicamentos" e caso falte algum essencial, há, por consequência, um risco maior de morte. Ele explica ainda que é essencial ter mais de um medicamento a disposição, pois o uso depende da condição do paciente.

"Cada pessoa tem sua comorbidade, sua situação. Por exemplo, o paciente que tem insuficiência renal, eu não posso usar algumas medicações. O paciente que está com hipotensão, pressão baixa, eu não posso usar outras. Além da gente ter quantidade suficiente pra manter o paciente intubado, a gente precisa ter opções. Não baste ter um, duas ou três pra escolher qual a melhor para cada pacientes.

Com a alta de internações, o Rio Grande do Norte também passa por uma crise no abastecimento de oxigênio. Recentemente chegaram ao estado 160 cilindros enviados pelo Ministério da Saúde e mais de 70 concentradores enviados pelo Amazonas.

Segundo levantamento feito pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Consems/RN), mais de 60 municípios estão com dificuldades para comprar esse insumo.

Fonte: Geraldo Jerônimo, G1 RN

Foto: Arquivo pessoal

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