RNPOLITICAEMDIA2012.BLOGSPOT.COM

domingo, 15 de dezembro de 2013

ENTRE AMORES E RANCORES, ELIANA CALMON ENCERRA CARREIRA DE 34 ANOS NA MAGISTRATURA.

A proximidade do dia 5 de novembro de 2014 trazia uma inquietação à ministra Eliana Calmon. Nessa data, ela fará 70 anos, o que a obrigaria a deixar o cargo que exerce há 14 anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e encerrar a carreira de 34 anos na magistratura. Às vésperas da aposentadoria compulsória, a baiana se perguntava: “O que vou fazer a partir de agora? Advogar? Nem pensar. Lecionar? Não vou ensinar mentira para os meninos.” Trabalhar numa ONG parecia uma boa ideia, até que convites para entrar na política começaram a aparecer.
Na entrevista concedida ao site do STJ, a ministra conta que a decisão de antecipar a aposentadoria para o próximo dia 18 de dezembro só veio realmente quando ouviu uma declaração do senador Pedro Simon (PMDB-RS) pela televisão. “E ele nem sabe disso!”, revela a magistrada. Ainda que nunca tivesse passado pela cabeça dela ir para a política, como diz, “o destino vai mostrando os caminhos”. Por esses caminhos, chega à política quase como chegou à magistratura – “meio sem querer”.
A ministra – que se intitula uma juíza “boca-rota” – fez história no Tribunal da Cidadania. Não só porque foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra num tribunal superior brasileiro. Não porque conduziu umas das maiores investigações comandadas pelo STJ – a Operação Navalha. Nem porque esteve à frente da Corregedoria Nacional de Justiça, enfrentando no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o que chamou de “bandidos de toga”.
Eliana Calmon escreveu um capítulo dedicado aos magistrados vocacionados na história do STJ e do Judiciário. Crítica do corporativismo incrustrado no Poder Judiciário, ela dispara: “Defender prerrogativas é defender nada.” Suas declarações despertaram rancores e amores. “Todo mundo que quer mudar desperta esses sentimentos”, conforma-se.
Franca, diz que fala “porque é falando que a gente corrige as coisas”. Afirma ter estudado profundamente o poder desde que ingressou na magistratura, e conhecido suas entranhas nos dois anos em que esteve como corregedora, de 2010 a 2012. A experiência certamente influenciou sua gestão na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam), responsável pela capacitação de juízes, novos ou experientes.
Sua palavra: transparência. Seu desejo ainda não realizado: mudança. Seu futuro, como ela mesma define: um salto no escuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.