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domingo, 8 de maio de 2022

PRESOS LIGAM PARA POLÍCIA PARA DENUNCIAR ESTUPRO DENTRO DA DELEGACIA

Sala Lilás é como é chamado o espaço para atendimento humanizado às mulheres vítimas de violência de gênero nas delegacias dos municípios de Mato Grosso do Sul. Foi para uma dessas salas, enfeitada por um sofá e brinquedos, que Ana*, 28, presa temporariamente na delegacia de Sidrolândia, foi levada por um investigador da Polícia Civil no início da noite de 11 de abril. Ele dizia que seu advogado estava na delegacia e queria conversar com ela.

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Ana voltou do local chorando, muito nervosa, cerca de meia hora depois. 

Uma companheira de cela e os quatro homens detidos no local estranharam a situação e questionaram o agente sobre o que havia acontecido. Pouco depois, ele entregou um celular para o grupo. 

A sequência foi registrada pelas câmeras do circuito interno da delegacia e, segundo um Boletim de Ocorrência registrado no dia seguinte, o aparelho havia sido usado para comprar o silêncio dos detidos. 

Em posse do celular, o grupo exigiu a presença de uma delegada. Há versões desencontradas sobre se eles mesmos acionaram a autoridade pelo telefone. Fato é que, horas depois, o agente estava preso, sob a suspeita de ter estuprado Ana na sala de atendimento para vítimas de abuso sexual. Não, você não leu errado. 

E não, não foi a primeira vez, como descobriu a delegada após ouvir os detentos e a vítima. Dez dias antes, quando ainda não tinha companhia na carceragem, o policial a havia levado até o alojamento dos plantonistas, onde uma mulher presa jamais deveria ter acesso. Foi ali que aconteceu o primeiro estupro. 

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Fonte: Matheus Pichonelli

Foto: Divulgação

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