Enquanto tentava fugir para a Suíça, o ditador foi descoberto e teve um fim infame, pendurado em um posto de gasolina e linchado pelo povo italiano.
Desde 1943, com o avanço das tropas aliadas sobre a Itália (incluindo a atuação das tropas brasileiras da FEB), quando foi tirado do governo e preso pela liderança do partido fascista da Itália, Benito Mussolini tornou-se um fugitivo. Resgatado da prisão pelo exército nazista, ele se refugiou no norte do país, onde tentou resistir, criando a famosa República de Salò.
Em 1945, no entanto, a situação ficou insustentável e ele resolveu deixar a Itália. O país já estava praticamente todo tomado pela aliança travada entre EUA, França, Inglaterra, Canadá, Brasil, África do Sul e colônias norte-africanas e o povo italiano, decepcionado com a situação de derrota a qual o duce os levou, se revoltava contra o antigo líder. Disfarçado, Mussolini deixou Milão e partiu em um comboio de soldados alemães, ao lado da companheira Clara Petacci, em direção à fronteira com a Suíça.
Mas não iria muito longe: o comboio foi interceptado e Mussolini e Clara foram descobertos e presos por membros da resistência italiana (conhecidos como partigiani), em 27 de abril de 1945, próximo ao vilarejo de Dongo. "A 52ª Brigada Garibaldina me capturou hoje, sexta-feira, 27 de abril, na praça de Dongo. O tratamento durante e depois da captura foi correto. Mussolini", escreveu no último documento assinado por ele, um bilhete encontrado em maio de 2003.
Julgado sumariamente em praça pública, Mussolini foi fuzilado ao lado de Clara e dos homens que os escoltavam no dia seguinte, no vilarejo de Giulino di Mezzegra. Na madurada do dia 29, seus corpos foram levados até Milão, onde permaneceram expostos ao público, amontoados em uma pilha, em um posto de gasolina da praça de Loreto. Uma multidão chutou, baleou, cuspiu e urinou nos corpos, que depois foram perdurados de cabeça para baixo em uma viga de metal. Pendurados, os corpos passaram por horas de humilhação e profanação, como resposta dada pela população italiana (do Norte, no caso) ao legado de perseguições, assassinatos, derrotas e caos econômico de Mussolini.
As circunstâncias da morte de Mussolini foram investigadas por um tribunal do júri de Pádua, em maio de 1957, mas o processo não chegou a uma conclusão. Até hoje, não se sabe quem de fato disparou os tiros.
Entre os italianos, a versão "oficial" é de que Walter Audisio executou Mussolini, obedecendo uma ordem do Comando Geral da resistência. Alguns historiadores italianos acreditam que Michele Moretti, outro membro, teria dado os tiros. Outros, como Renzo De Felice, que escreveu a biografia de Mussolini, suspeitam de que a execução tenha sido tramada pelo serviço secreto britânico em conjunto com a resistência italiana.
Mas, até hoje, a imagem do duce pendurado morto e o povo gritando e xingando o velho Mussolini fazem parte do imaginário popular italiano e do acervo de imagens clássicas dos antifascistas.
Fonte: Vitor Lima/Aventuras da história
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