Entre os alimentos desviados, carnes usadas em churrascos, enquanto alunos comiam salsicha com arroz, segundo denúncia. Prefeitura nega.
Funcionários da prefeitura de Batatais, no interior de São Paulo, são suspeitos de desviar alimentos da merenda escolar para fazer churrascos particulares. As investigações indicam que os servidores levavam as carnes “nobres” e deixavam para os alunos o que sobrava. O caso é alvo de investigação da polícia, do Ministério Público e, agora, da Câmara Municipal.
A denúncia partiu das funcionárias da cozinha-piloto, onde são preparadas as refeições das escolas públicas. Segundo elas, servidores municipais, inclusive secretários e uma vereadora, faziam os desvios. As merendeiras citaram um almoço para 500 pessoas feito com comida que deveria ser destinada aos estudantes.
Até bolo de aniversário para filho de funcionário público saía da merenda. Enquanto isso, o cardápio dos alunos da rede municipal sofreu mudanças.
- Falam que teve um remanejamento, que, ao invés de servir a carne, era uma salsicha com batata, arroz - afirmou à EPTV, afiliada da TV Globo, Andressa Furin, da Comissão de Investigação da Câmara (PT).
A polícia abriu inquérito e já ouviu alguns funcionários. O Ministério Público espera o resultado das investigações para denunciar os envolvidos.
- Eles poderão ser punidos tanto na esfera civil como na esfera criminal. Na esfera civil, por ato de improbidade administrativa, e na esfera criminal porque isso pode caracterizar crime de peculato - explicou o promotor de Justiça, Alexandre Padilha.
Na lista de controle de saída de alimentos, feita a lápis e caneta, aparece com frequência o nome "Entidade Raimundo". Segundo a comissão de investigação da Câmara, é uma referência ao secretário de Administração, Raimundo Fernandes.
A sindicância aberta pela prefeitura para investigar as denúncias concluiu que houve a retirada de alimentos da cozinha-piloto. Mas, segundo o prefeito de Batatais, não houve desvio de merenda escolar. A única punição foi o afastamento de uma funcionária da cozinha, responsável pelo armário onde ficam os alimentos.
A prefeitura alega que o erro foi estocar e preparar refeições para outras secretarias na cozinha-piloto, onde só deveriam ser produzidas as merendas para os alunos.
- São entidades que são atendidas na cozinha-piloto sem sair da verba, do recurso, da dotação do Pnae ou de convênio estadual - justificou o prefeito de Batatais, Eduardo Oliveira (PTB).
O prefeito também nega que o cardápio dos alunos tenha perdido qualidade:
- As nossas crianças comem muito bem.
O secretário de Administração, Raimundo Alves Fernandes, disse que autorizou a liberação de alimentos mas, segundo ele, apenas para distribuição nas entidades atendidas pelo município. Ele nega que tenha pedido comida para consumo próprio ou para festas particulares.