Quanto ao ano que findar-se-á dentro de instantes e, de certo, sobre as minhas vivências até agora, assemelho tudo a um eletrocardiograma. Há quem pense que as ondas retratadas no exame significam tão somente altos e baixos. De fato, o senso comum não está de todo errado.
Mas, como a poesia sempre me leva a um olhar excedente, para além dos tracinhos subindo e descendo, eu consigo enxergar a vida pulsando, latejando e querendo mais de mim.
A imagem do ano não pode e nem deve ser resumida em palavras. Não tenho habilidade nenhuma em sintetizar sentimentos, principalmente quando são permeados de significados e significantes.
O momento congelado nessa imagem aconteceu quando, através do Poeta Adamis Oliveira, recebi o convite para falar sobre luto, justiça, paz e esperança na Universidade Estadual da Paraíba. Ao meu lado, o gigante Félix Araújo Filho que, igualmente a mim, transformou a tragédia em trajetória, o luto em luta, a saudade em presença, o exemplo em dignidade e a escrita poética como companheira fiel nas noites sombrias. Afinal, a arte sempre será uma ferida de luz.
Portanto, sigamos com fé e esperança. Isso sim nos importa.