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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

GRAMPOS TELEFÔNICOS CAPTAM CONVERSAS DO PREFEITO DE NATAL.

Portal No Ar obteve com exclusividade transcrições de ligações telefônicas entre investigados.

A investigação das fraudes que o Ministério Público do Estado afirma terem existido em licitação da Secretaria de Serviços Urbanos de Natal (Semsur) começam a bater à porta do gabinete do prefeito Carlos Eduardo Alves, que não é, pelo que se sabe, até agora, investigado no procedimento que corre sob sigilo.
Trechos de transcrições dos nove volumes de interceptações telefônicas feitas pelo MP e que foram obtidos com exclusividade pela reportagem do portalnoar.com aproximam o prefeito das supostas irregularidades que podem ter desviado quase R$ 23 milhões da Semsur entre 2013 e este ano.
Em conversa em 11 de outubro de 2016, no dia em que seriam abertas as propostas da licitação para a decoração natalina daquele ano, o então secretário da Semsur, Antônio Fernandes de Carvalho Júnior liga para o presidente da comissão de licitação da Secretaria Municipal de Obras (Semov), Raul Araújo Pereira, que licitaria o serviço de instalação da decoração natalina. Quando Raul atende, Antônio, que estava com o telefone grampeado, passa para o prefeito Carlos Eduardo Alves.
A chamada foi às 9h08. Em 76 segundos, o prefeito Carlos Eduardo diz ao presidente da Comissão de Licitação que Antônio chegou “a uma solução salomônica, pois a cidade não pode deixar de ligar essa decoração na primeira semana de novembro”. Em seguida, o prefeito informa que Antônio vai se encontrar com Raul em seguida para dar as orientações. Nem o problema, nem a “solução salomônica” são descritos por telefone.
Quebra-cabeça
Para contextualizar a ligação em que aparece o prefeito, a decisão judicial que autorizou a Operação Cidade Luz traz mais elementos. Às 7h47 daquele 11 de outubro em que as propostas da licitação seriam abertas, dois empresários investigados de fraudar os certames conversam. No diálogo, Felipe Gonçalves informa a Maurício Guerra que está indo conversar pessoalmente com o Antônio Fernandes.
Às 8h05, outro investigado, Sérgio Pignataro, então adjunto da Semsur, liga para Kelly Patrícia, chefe da unidade administrativa da Semsur, para avisar que as propostas seriam abertas naquele dia, mas que a Semsur e as empresas chegaram a um “denominador comum”. Na mesma conversa, ele ainda afirma que vai participar da reunião entre os empresários e o secretário da Semsur.
Às 9h46, meia hora, portanto, após estar com o prefeito Carlos Eduardo e discutido a “solução salomônica”, Antônio liga para os empresários Felipe Gonçalves e Allan Emanuel, pedindo que ambos se encontrem com ele na Casa do Pão de Queijo, em Petrópolis.
Licitação
O que aconteceu ao meio dia daquele 11 de outubro, horário previsto para serem conhecidas as empresas que venceriam a licitação da decoração natalina, não está documentado em investigação. Mas o Diário Oficial do Município de dois dias depois trouxe os resultados. Todas as empresas hoje investigadas por suspeitas de fraudes no setor de iluminação pública de Natal e por superfaturar contratos foram vencedoras da licitação.
A assessoria de imprensa do prefeito Carlos Eduardo Alves foi procurada e informada sobre o teor das informações obtidas pelo portalnoar.com, mas ainda não se manifestou sobre a matéria.

Fonte: Ilana Albuquerque/Portal No Ar

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