Procurador-geral da República suspeita que Eduardo Cunha usou prestígio como parlamentar para interceder em favor de empresário acusado de sonegação tributária e formação de quadrilha
Denunciado por uso de documento falso, o candidato considerado favorito a tornar-se líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), responde também a um inquérito que apura eventual uso de prestígio parlamentar para ajudar uma refinaria acusada de crime tributário, na chamada “máfia dos combustíveis”. Há dez meses, o ministro relator do Inquérito 3056 no Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, aguarda a tomada de quatro depoimentos pela Polícia Federal, o que ainda não ocorreu. Os policiais pediram mais prazo para concluir as oitivas.
De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, há “indícios do envolvimento” do deputado Eduardo Cunha numa investigação contra seis empresas suspeitas de formação de quadrilha e sonegação de impostos, dentre elas a Refinaria de Manguinhos, cujo dono é Ricardo Magro. Essa refinaria foi autuada por deixar de recolher tributos retidos na saída de gasolina para outras firmas. O deputado é um dos favoritos para assumir a liderança da bancada do PMDB na Câmara. A eleição está marcada para o próximo domingo (3).
Eduardo Cunha, segundo Gurgel, agiu para beneficiar Magro nas operações. “Valendo-se do seu prestígio como parlamentar, teria intercedido em favor dos interesses de Ricardo Magro junto a dirigentes da empresa Braskem para garantir a continuidade da aquisição de gasolina pela Refinaria de Petróleo de Manguinhos”, escreveu o procurador ao ministro Celso de Mello. Os policiais captaram uma conversa telefônica entre o deputado e o dono de Manguinhos.
Apesar da suspeita, Gurgel não tem certeza se houve, de fato, participação do deputado nos fatos. Por isso, pediu ao STF que autorizasse a tomada de depoimentos de Magro e de mais quatro pessoas identificadas apenas como Itamar, Cláudio e Bernardo. Celso Mello determinou que a PF ouvisse o dono de Manguinhos, identificasse as outras três pessoas e tomasse seus depoimentos. Este ano, os policiais pediram mais dois meses de prazo para concluir o trabalho, pedido endossado por Gurgel.
Fonte: Congresso em Foco
Foto: Renato Araújo/ABr
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