MP-RJ investiga se há um esquema de “rachadinha” no gabinete do vereador. Pelas redes, vereador e filho do presidente diz que 'na falta de fatos novos, requentam os velhos'
Após a Justiça do Rio determinar, na noite desta terça-feira, a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho do presidente se manifestou sobre a decisão pelas redes sociais. Em postagem no Twitter, na manhã desta quarta-feira, Carlos afirma que "na falta de fatos novos, requentam os velhos" que, segundo ele, "não chegaram a lugar nenhum". A decisão ocorre na investigação que apura a contratação de funcionários "fantasmas" no gabinete do parlamentar. Outras 26 pessoas e sete empresas também tiveram os sigilos quebrados. A informação foi antecipada pela GloboNews.
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) confirmou ao GLOBO que o inquérito que apura a contratação de supostos funcionários fantasmas e da prática de "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro tramita, em sigilo, na 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro. O Tribunal de Justiça do Rio também confirmou que as quebras foram deferidas no dia 24 de maio.
A investigação do MP começou a partir de reportagem do GLOBO que revelou que Carlos empregou sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e sua madrasta. Dois admitiram à reportagem nunca ter trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeados. Segundo levantamento do GLOBO, Carlos Bolsonaro empregou no total 17 pessoas com laços familiares no gabinete na Câmara do Rio, desde 2001.
Em documento obtido pela GloboNews, investigadores do MP citaram que o modus operandi da "rachadinha" também foi detectado no gabinete do então deputado estadual do Rio Flávio Bolsonaro, irmão de Carlos Bolsonaro. A prática no gabinete do vereador, segundo os promotores, está associada a saques de dinheiro em espécie das contas dos assessores fantasmas, e que são entregues a funcionários de confiança responsáveis pela arrecadação. O dinheiro acaba sendo utilizado para pagar despesas ou adquirir bens para o parlamentar.
Segundo o Ministério Público, Carlos Bolsonaro manteve e utilizou grandes quantias de dinheiro em espécie ao longo dos seis mandatos consecutivos como vereador. Em documentos, o órgão cita pelo menos três situações que se enquadram na prática citada: em 2003, Carlos pagou R$ 150 mil em espécie na compra de um apartamento na Tijuca, na Zona Norte do Rio; em 2009, o vereador entregou R$ 15,5 mil, também em espécie, para cobrir um prejuízo que teve na bolsa de valores; e no último ano, Carlos declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter R$ 20 mil em espécie guardados em casa.
No pedido da quebra de sigilo, os investigadores também indicam a existência de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que aponta duas operações financeiras suspeitas envolvendo Carlos. Uma delas no valor de R$ 1,7 milhão, feita por Rogéria Nantes Bolsonaro, mãe do vereador, entre os anos de 2007 e 2019.
Fonte: O Globo
Foto: Sérgio Lima
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