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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

SECRETARIA ESTRATÉGICA DA SAÚDE É CHEFIADA POR MÉDICO QUE REFUTA MÁSCARAS E DEFENDE MEDICAMENTOS INEFICAZES PARA COVID-19

Hélio Angotti Neto chegou ao cargo durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, após atuar como subordinado de Mayra Pinheiro, conhecida como 'Capitã Cloroquina'

"Olavista", "negacionista", "anticiência" e "bolsonarista raiz" são algumas das credenciais citadas por pessoas da área da saúde para caracterizar o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto. O médico chegou a uma das secretarias mais importantes da pasta durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, após atuar como subordinado de Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina", na Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES). Desde então, é conhecido internamente por tentar promover medicamentos contra Covid-19 cuja ineficácia já foi comprovada, caso da cloroquina; ou cujas evidências ainda não são suficientes para indicar o uso contra o coronavírus, como a proxalutamida. Seu trabalho na pasta o levou a ser convocado pela CPI da Covid, mas a data do depoimento ainda não foi marcada.

Enquanto isso, medidas comprovadamente eficazes como vacinação e uso de máscara são alvo do descrédito do médico, que não é conhecido no ambiente da pesquisa científica. Em uma reunião do Comitê Operativo de Emergência (COE) no ano passado, Angotti gerou constrangimento ao chegar levando pelo braço consultores contratados, entre eles Ricardo Zimmerman (apontado pela CPI da Covid-19 como um dos membros do "Gabinete Paralelo" do Ministério), para apresentar um estudo dinamarquês para contestar a eficácia do uso de máscaras na prevenção ao coronavírus.

A pesquisa, feita quando a Dinamarca registrava índices baixos de transmissão, segundo técnicos, não se adequaria ao contexto brasileiro e em um momento de altos números de casos e mortes no país se colocava como uma discussão descabida. Diante da gravidade do tema, membros do COE optaram por não registrar especificamente a participação de Angotti e seus consultores em ata da reunião, a fim de "não fragilizar a imagem institucional do Ministério da Saúde".

Um mistério que paira na pasta é o que segura Angotti no cargo, uma vez que o secretário chegou a se preparar para sair quando o ministro Marcelo Queiroga assumiu o cargo. Um das hipóteses apontadas nos bastidores é de que Angotti tenha conquistado a simpatia dos filhos do presidente Bolsonaro por sua postura negacionista. Nesse sentido, a viagem de Angotti para Israel, em março, na comitiva para avaliação do spray nasal foi um dos elementos a auxiliar nessa aproximação. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, também integrou o grupo. Fontes afirmam ainda que por ser ligado a Mayra Pinheiro, o secretário acabou sendo blindado pela popularidade da colega junto às bases bolsonaristas. Em abril, Angotti chegou a participar de uma live ao lado do presidente Jair Bolsonaro na qual fala sobre a proxalutamida e classifica a droga como "promissora".

Fonte: O Globo

Foto: Agência o Globo


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