O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, capitaneou a resistência dos bancos públicos contra a adesão da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ao manifesto de mais de 200 entidades pela harmonia entre os poderes que seria divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, nesta terça-feira.
Segundo relato de seis pessoas envolvidas na crise, Guimarães telefonou para presidentes de pelo menos duas instituições financeiras e sugeriu que eles poderiam ser excluídos de negócios com o governo – como mandatos para representação ofertas de títulos e ações de empresas públicas na Bolsa de Valores – caso assinassem o documento.
A Caixa tem planos de privatizar sua área de gestão de cartões e prepara também uma oferta pública de ações da bandeira ELO, sociedade da Caixa com Bradesco e Banco do Brasil. Nesse tipo de negócio, os bancos privados são contratados para vender as ações na bolsa e para grandes fundos, recebendo comissão.
Outro negócio que os bancos privados têm muito interesse em intermediar são as vendas em bloco de lotes de ações de empresas hoje nas mãos do BNDESPar – como a Petrobras, por exemplo.
Numa das conversas, Guimarães também disse a um banqueiro que ele poderia acabar sendo excluído de transações com a Petrobras se insistisse em assinar o documento. Em outra ligação, na sexta-feira (27), fez questão de dizer que estava ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que cumpria uma programação oficial em Goiás.
E não parou por aí: para reforçar o tom de intimidação, Guimarães ainda citou o Exército. Disse que os militares estão com Bolsonaro e não permitirão que ninguém da família do presidente seja preso, em caso de eventual ordem vinda do STF.
Foi de lá, inclusive, que Guimarães avisou o ministro da Economia, Paulo Guedes, do propósito da Caixa de deixar a Febraban em protesto contra o manifesto.
A publicação foi suspensa pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, depois de conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e sem comunicar aos demais signatários do documento. No fim de semana, a Caixa e o Banco do Brasil ameaçaram deixar a entidade.
Fonte:Malu Gaspar
Foto: Reuters
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