No maior teste no cargo, o parlamentar falhou em evitar que Bolsonaro partisse para o ataque contra o ministro Alexandre de Moraes
A Praça dos Três Poderes sofria um abalo sísmico político com o primeiro pedido de impeachment de um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) apresentado pelo presidente da República na noite da sexta-feira passada quando Ciro Nogueira embarcou em seu jato particular para Barra Grande, litoral do Piauí. O ministro da Casa Civil tentara, sem sucesso, conter a investida do chefe, Jair Bolsonaro. Diante da maior crise conflagrada pelo governo, Nogueira concluiu que não havia mais o que fazer no momento — e se refugiou na casa de praia, enquanto lia notas de repúdios e tentava, ao celular, serenar críticas de aliados.
Quando assumiu o cargo mais importante da Esplanada, o chefe da Casa Civil se intitulou o amortecedor do governo, para diminuir as tensões políticas. No maior teste no cargo, o parlamentar falhou em evitar que Bolsonaro partisse para o ataque contra o ministro Alexandre de Moraes. Provocado por interlocutores, Nogueira costuma renovar a metáfora do equipamento automobilístico para justificar seu desempenho como redutor de danos no Planalto. Ele costuma dizer que o peso é muito grande e, se não houvesse amortecedor, o carro já estaria no chão.
Deputado por quatro mandatos, duas vezes eleito senador e até há um mês presidente do PP, Nogueira assumiu agora seu primeiro cargo executivo. Ao longo de sua trajetória política, flertou com diferentes presidentes, tornou-se um expoente do Centrão e virou personagem de alguns rumorosos casos de polícia na Operação Lava-Jato. Mesmo enfrentando resistência de bolsonaristas, conquistou o status de principal conselheiro de Bolsonaro, e foi alçado ao alto escalão após ameaçar um rompimento num momento de fragilidade do presidente, acossado por investigações e pela queda de popularidade.
Fonte: O Globo
Foto: Evaristo Sá
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