O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-Rio), deu por encerrada, ontem, sua fase de amiguinho do presidente Michel Temer. Não significa que romperá relações com ele – não teria por que, e a responsabilidade do seu cargo o impediria.
Significa, porém, que a partir de hoje se dedicará acima de tudo a cuidar da sua própria vida política, e da vida do seu partido ora em fase de mudança. Bastou para Maia. Fez o que poderia fazer por um presidente impopular cuja base de apoio na Câmara se esfarela a cada dia que passa.
Quer distância protocolar dele para não ser contaminado a menos de seis meses de se lançar candidato à reeleição. Até o fim do ano, o DEM trocará de nome, aumentará seus quadros com a adesão de deputados em fuga de outros partidos, e se reapresentará ao distinto público.
Embora ainda diga confiar na aprovação de reformas, principalmente a da Previdência, Maia sabe que não haverá a mínima chance disso. Está lá no Palácio do Planalto um corpo estendido no chão. Temer acaba de ser promovido à condição de um morto-vivo. Ou de presidente decorativo.
De resto, não se deve descartar a hipótese de que alguma coisa precipite o sepultamento de Temer antes da data marcada para que transfira o cargo ao seu sucessor. Temer é refém de potenciais delatores – entre eles, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
É refém também do coronel da reserva, seu assessor citado na delação dos executivos do Grupo J&S, que muito sabe das coisas. Não resistiria a uma terceira denúncia por corrupção. Temer seguirá correndo perigo. E cada vez mais isolado.
Fonte: Ricardo Noblat/O Globo
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.