Os alunos que residem na comunidade de Riacho Grande, a cerca de 14 km da zona urbana de Mossoró, estão praticamente impedidos de estudar. A dificuldade está sendo imposta pela falta de transporte escolar.
De acordo com Olívia Ilanna, aluna do 2º ano do ensino médio, o ônibus que faz o descolamento dos estudantes para a zona urbana tem deixado de realizar o itinerário frequentemente.
“Essa semana não fomos para a escola nenhum dia, e isso vem acontecendo sempre. Há semanas em que o ônibus vem um dia sim, outro não. O pior é que ninguém avisa, justifica nada, e então temos que acordar todos os dias às 5h, esperar o transporte, que não vem. É uma situação muito complicada”, relata a estudante.
Para a mãe de Olívia, a agricultora Iranalda Alves, não há outra alternativa a não ser esperar que o problema seja resolvido, uma vez que a família não possui condições financeiras de pagar um transporte alternativo.
“O valor mínimo que o táxi cobra para ir deixar e busca na escola, por mês, é R$ 200. Por dia a viagem custa R$ 18. Não temos condições. É muito triste você ver que o filho quer estudar, mas não tem como ir para a escola, mesmo sabendo que esse é um direito de todos”, lamenta a agricultura.
Somente na comunidade de Riacho Grande são cerca de 50 alunos prejudicados pela falta de transporte escolar. Estudantes de assentamentos vizinhos, como Cheiro da Terra, Barrinha, Fazenda Nova, Terra Nossa, Rancho da Caça, entre outros, também estão sendo impedidos de frequentarem a escola.
“O prejuízo é grande. Estamos correndo o risco de sermos reprovados por falta, sem falar que em dias de provas não conseguimos uma boa nota, porque não estamos assistindo aula regularmente. Como se pode aprender desse jeito?”, questiona o aluno secundarista Agniel Alves.
A agricultora Maria das Dores, mãe de uma estudante que cursa o 7º ano do ensino Fundamental, também lamenta os problemas no transporte escolar. “No dia que minha filha consegue uma carona ela vai para a escola, quando não consegue, fica em casa. Estamos indignados com tudo isso”, comenta.
Posicionamento
A equipe de reportagem do jornal O Mossoroense tentou contato com a professora Betânia Ramalho, titular da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seec), órgão responsável pelo serviço de transporte escolar dos alunos da zona rural para escolas estaduais da zona urbana, mas o celular funcional da secretária não atendeu aos chamados.
Também foi feito contato com a assessoria de comunicação da Secretaria, que até o momento não emitiu um posicionamento sobre o assunto.
A reportagem contatou ainda a secretária de Educação da Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), Ieda Chaves, que destacou não haver nenhum problema em disponibilizar transporte público pertencente ao município para os alunos da zona rural, desde que sejam atendidos alguns critérios.
“Não há problema, afinal o serviço é público, agora precisamos ser notificados, comunicados do problema, seja pelos próprios alunos, pais, direção da escola, ou até mesmo pela Diretoria Regional de Educação, Cultura e Desporto (Dired)”, informa a auxiliar.
Conforme Ieda Chaves, algumas comunidades já são contempladas com o serviço. “Já fazemos esse descolamento. Se os alunos não estiverem dispersos, não havendo problema no atraso na rota, não vejo dificuldade em disponibilizar o transporte”, conclui a secretária.
Fonte: Maricélio Almeida/http://omossoroense.uol.com.br/
Foto: Cacau
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