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sábado, 1 de março de 2014

EM RECIFE, GALO DA MADRUGADA FAZ HOMENAGEM A ARIANO SUASSUNA.

Maior bloco de carnaval do país arrasta multidão pelas ruas do Centro da capital pernambucana. "Nunca pensei que seria um dia homenageado pelo Galo", diz Suassuna.

Com 18 trios elétricos, o Clube de Máscaras O Galo da Madrugada levou multidão às ruas do centro do Recife, e este ano prestou homenagem ao escritor Ariano Suassuna, 86, que apesar de ter sofrido um infarto no ano passado, fez questão de comparecer ao desfile da agremiação, o que fez pela primeira vez na vida.
Teve tratamento de rei, com direito a trono com assento de veludo. Um pouco assustado com a multidão, o autor de “A pedra do reino” teve o percurso facilitado pelos seguranças da a agremiação, do governo do estado e da prefeitura.
- Nunca pensei que seria um dia homenageado pelo “Galo”. O perigo agora é eu ficar convencido. Se é o maior bloco do mundo, então eu sou agora o maior escritor do mundo - brincou Suassuna.
Para o desfile, o escritor usou a roupa de sempre: camisa vermelha e calça e paletó pretos. É o que ele chama de “esporte fino”, na verdade uma eterna reverência ao time rubro negro do qual é torcedor em Recife.
O Galo usou alegorias armoriais durante o desfile, inspiradas no movimento fundado pelo escritor, em defesa das raízes da cultura brasileira. Muitos grupos de foliões caíram no clima e também usaram a inspiração armorial em suas fantasias. Foi o caso do casal Fabiana Glei e marcos Aurélio de Lima Matos. Eles esperavam a saída do “Galo” fantasiados de Mateus e Catirina, dois personagens do folguedo “Bimba meu boi”. Mas fizeram questão de introduzir elementos armoriais nas fantasia.
O desfile do Galo foi aberto com os estandartes da agremiação, clarins, bonecos gigantes e articulados, passistas e até 50 “almas”. Nas alegorias, a presença de “A pedra do reino”, “Cavalgada” e “Auto da Compadecida”.
Entre os foliões, sobraram críticas até para o programa Mais Médicos e outros fatos do governo. O dentista Luiz Gonzaga Lapenda, que é aposentado, utilizou uma barba e um charuto à la Fidel Castro, colocou um chapéu estampado com a bandeira da ilha comunista e, de bata, colocou nádegas de plástico sobre a roupa, onde colocou a inscrição “cubano”. Já um grupo de foliões, vestidos de presidiários, ironizavam os réus do mensalão: regime semi aberto era o nome da fantasia.
De acordo com o Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho Liberato de Matos, mais de 14 mil policiais foram colocados nas ruas, sendo 4 mil só no desfile do “Galo”. Em Olinda e Recife, cerca de 300 agremiações movimentam as ruas no domingo. No domingo, também, milhares de foliões viajam ao município de Bezerros - a 100 quilômetros do Recife - onde a folia fica por conta dos papangus, tradição de um século que consiste em desfile de blocos de mascarados.

Fonte: Letícia Lins/http://oglobo.globo.com/
Foto: Hans von Manteuffel/Agência O Globo

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