Maior bloco de carnaval do país arrasta multidão pelas ruas do Centro da capital pernambucana. "Nunca pensei que seria um dia homenageado pelo Galo", diz Suassuna.
Com 18 trios elétricos, o Clube de Máscaras O Galo da Madrugada levou multidão às ruas do centro do Recife, e este ano prestou homenagem ao escritor Ariano Suassuna, 86, que apesar de ter sofrido um infarto no ano passado, fez questão de comparecer ao desfile da agremiação, o que fez pela primeira vez na vida.
Teve tratamento de rei, com direito a trono com assento de veludo. Um pouco assustado com a multidão, o autor de “A pedra do reino” teve o percurso facilitado pelos seguranças da a agremiação, do governo do estado e da prefeitura.
- Nunca pensei que seria um dia homenageado pelo “Galo”. O perigo agora é eu ficar convencido. Se é o maior bloco do mundo, então eu sou agora o maior escritor do mundo - brincou Suassuna.
Para o desfile, o escritor usou a roupa de sempre: camisa vermelha e calça e paletó pretos. É o que ele chama de “esporte fino”, na verdade uma eterna reverência ao time rubro negro do qual é torcedor em Recife.
O Galo usou alegorias armoriais durante o desfile, inspiradas no movimento fundado pelo escritor, em defesa das raízes da cultura brasileira. Muitos grupos de foliões caíram no clima e também usaram a inspiração armorial em suas fantasias. Foi o caso do casal Fabiana Glei e marcos Aurélio de Lima Matos. Eles esperavam a saída do “Galo” fantasiados de Mateus e Catirina, dois personagens do folguedo “Bimba meu boi”. Mas fizeram questão de introduzir elementos armoriais nas fantasia.
O desfile do Galo foi aberto com os estandartes da agremiação, clarins, bonecos gigantes e articulados, passistas e até 50 “almas”. Nas alegorias, a presença de “A pedra do reino”, “Cavalgada” e “Auto da Compadecida”.
Entre os foliões, sobraram críticas até para o programa Mais Médicos e outros fatos do governo. O dentista Luiz Gonzaga Lapenda, que é aposentado, utilizou uma barba e um charuto à la Fidel Castro, colocou um chapéu estampado com a bandeira da ilha comunista e, de bata, colocou nádegas de plástico sobre a roupa, onde colocou a inscrição “cubano”. Já um grupo de foliões, vestidos de presidiários, ironizavam os réus do mensalão: regime semi aberto era o nome da fantasia.
De acordo com o Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho Liberato de Matos, mais de 14 mil policiais foram colocados nas ruas, sendo 4 mil só no desfile do “Galo”. Em Olinda e Recife, cerca de 300 agremiações movimentam as ruas no domingo. No domingo, também, milhares de foliões viajam ao município de Bezerros - a 100 quilômetros do Recife - onde a folia fica por conta dos papangus, tradição de um século que consiste em desfile de blocos de mascarados.
Fonte: Letícia Lins/http://oglobo.globo.com/
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