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quinta-feira, 26 de julho de 2012

SURPRESAS NO COMPUTADOR.

Embora arquivado, o inquérito que investigou o tráfico de influência na gestão de Erenice Guerra na Casa Civil traz detalhes curiosos da perícia feita pela Polícia Federal no computador da ex-ministra no palácio.
Em um dos casos investigados no inquérito, Erenice é apontada como facilitadora dos interesses do marido, José Roberto Camargo Campos, que tentava obter uma concessão da Anatel para a empresa Unicel operar telefonia celular.
Em 2007, a Unicel enviou uma carta a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (os investigadores destacam o fato de o nome de Dilma ter sido grafado incorretamente, com apenas um “f), reclamando da demora da Anatel em declarar o vencedor de uma licitação disputada pela empresa dois anos antes, em 2005.
A investigação mostra que a carta da empresa, uma vez entregue à Casa Civil, caiu nas mãos de Erenice. O que fez a então número dois de Dilma? Chamou o próprio presidente da Anatel ao Planalto para cobrar explicações sobre a demora na licitação.
Passado todo o entrevero, já com o caso sob investigação, a Polícia Federal descobriu no meio dos arquivos do computador de Erenice um rascunho, em papel timbrado da Unicel, da mesma carta enviada ao gabinete de Dilma (inclusive com o nome de Dilma grafado errado). Os investigadores registram:
– A localização deste documento levou à conclusão da autoridade policial que a conduta da Unicel era de prévio conhecimento de Erenice, assim como parte do conteúdo da carta.
Ao analisar o caso, a procuradora do República Luciana Marcelino Martins escreve que “poder-se-ia cogitar que tal ato pudesse caracterizar a advocacia administrativa, em face dos interesses envolvidos” de Erenice e de seu marido.
A mesma procuradora, no entanto, diz que “solicitar informações não é ato de patrocínio de interesses privados” e que ainda se fosse configurado crime de advocacia administrativa, tal delito já teria prescrito, por ter ocorrido em 2007.

Fonte: Lauro Jardim

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