O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, defendeu ontem que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, peça licença do cargo até que sejam apuradas as denúncias sobre sua evolução patrimonial. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o patrimônio do ministro cresceu 20 vezes, nos quatro anos (2006-2010) do mandato de deputado federal.
“Enquanto a instância jurídica não está bem resolvida, a instância moral requereria uma postura de grandeza e, sobretudo, de preservação do próprio governo. Seria uma licença do ministro para que pudesse ser avaliado sem qualquer possibilidade de interferência”, afirmou Cavalcante a jornalistas na sede da OAB, em Brasília.
Segundo o presidente da OAB, a entidade não tem poderes para interferir juridicamente na apuração do caso, mas pode “cobrar posturas éticas” dos governantes. Na última sexta-feira (27), o ministro entregou explicações à Procuradoria-Geral da República sobre o aumento dos bens e o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) informou que investiga desde a última terça-feira (24) a evolução do patrimônio de Palocci e as atividades da empresa de consultoria dele, a Projeto.
Para o presidente da entidade, o afastamento do cargo demonstraria uma postura “altruísta” por parte de Palocci e uma preocupação do governo da presidenta Dilma Rousseff com o impacto das notícias a respeito do ministro.
“É importante que haja preocupação com a sociedade. Isso não pode ser tido como uma postura política de situação ou oposição, mas como um resguardo ao princípio da moralidade, o que é um dever do homem publico”, disse o presidente da OAB
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está analisando as informações enviadas pelo ministro a pedido do MPF.
Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, na viagem oficial que fez com a presidenta Dilma Rousseff ao Uruguai, voltou a defender o ministro-chefe da Casa Civil. Questionado se a crise envolvendo Palocci estava se diluindo, ele frisou: “Eu nunca achei que ela (crise) ficou complexa”. Em seguida, classificou da seguinte maneira o caso: “muita fumaça e pouca fagulha”. E garantiu que da parte do governo não existe nenhuma investigação sobre este caso.
Apesar da consideração, Eduardo Cardozo disse que as informações solicitadas pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) ao ministro serão prestadas. “O MP pediu informações do ponto de vista cível e elas serão prestadas”, reiterou. O MPF-DF abriu um procedimento de investigação cível contra Palocci para apuração do imbróglio. A ação, assinada pelo procurador Paulo José Rocha Junior, solicita que sejam apresentados comprovantes e justificativas para os elevados valores recebidos pelo ministro-chefe da Casa Civil.
Fonte: Tribuna do Norte
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