"Ela induzia as vítimas ao erro, não alertava ao risco da substância nem esclarecia que a substância não era expelida pelo corpo. Muitas vítimas acreditaram que haviam injetado ácido hialurônico na face, mas estavam efetivamente com PMMA. Quando solicitamos os prontuários médicos de determinadas pacientes, vimos que o PMMA usado é liberado pela Anvisa, mas a fraude está em dizer que inseria uma substância quando na verdade, inseria outra".
De acordo com as investigações, 1 ml de ácido hialurônico custa em torno de R$ 500 e 1 ml de PMMA cerca de R$ 35. Na casa da dentista foram encontradas notas fiscais do produto que foi adquirido com valores ainda mais baixos: R$ 25. Mesmo assim, o procedimento era cobrado como se a substância aplicada fosse a ideal, ou seja, a mais cara.
A dentista foi indiciada por lesão corporal gravíssima, exercício ilegal da arte dentária e estelionato. A Polícia pediu à justiça o cumprimento de medidas cautelares contra a profissional, identificada como Giselle Gomes. Ela já está proibida, por ordem judicial, de se ausentar da cidade por mais de sete dias e de se ausentar do país. Ela teve ainda as redes sociais suspensas, contas bancárias bloqueadas e está proibida de exercer a odontologia e também procedimentos estéticos.
A delegada Nathalia Patrão aguarda ainda que outras vítimas procurem a unidade policial para registrar o caso. Durante mandado de busca e apreensão cumprido na casa da dentista, a polícia apreendeu além de PMMA, fios de sustentação sem autorização da Anvisa, produtos estéticos vencidos, R$ 68 mil em espécie e extratos bancários com informações de transferência de altos valores.
De acordo ainda com as investigações, Giselle não tinha especialização em harmonização facial exigida pelo Conselho Federal de Odontologia. No entanto, o fato não a impedia de exercer a especialidade, esclareceu a delegada.
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Fonte: Marcela Lemos/UOL
Foto: Divulgação Polícia Civil
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