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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ELETROBRAS VEICULOU PUBLICIDADE EM SITES COM FAKE NEWS E JOGOS ILEGAIS, APONTA CGU

Campanha também foi exibida em canais infanto-juvenis

Em meio à renúncia do presidente da Eletrobras e às discussões sobre privatização, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que campanhas de publicidade da estatal foram veiculadas em canais de conteúdo inadequado, com fake news e jogos de azar ilegais.

Segundo a auditoria, a “Campanha Institucional Resultados” da estatal, veiculada em maio e junho de 2019 no YouTube e no Google Play, foi transmitida em 66 canais de conteúdo inadequado, e exibida pelo menos 23,1 mil vezes.

Entre os canais, 26 desrespeitam direitos de autor ou de transmissão; 19 têm donos que são titulares de cargos eletivos — como parlamentares  —; 16 apresentam fake news; quatro abordam jogos de azar ilegais; e um promove autoridades.

A CGU também identificou que a publicidade da Eletrobras foi exibida em 3.427 canais do YouTube removidos por descumprimento das regras da plataforma.

Os auditores apontaram ainda erro na execução da publicidade em relação ao público-alvo.

"Parte das impressões terminou sendo veiculada em canais de conteúdo majoritariamente destinado ao público infanto-juvenil e canais de música. O conteúdo dos canais não guarda relação com o público alvo da campanha, ou seja, não figuram na segmentação definida no plano de mídia analisado", diz o documento.

De acordo com a CGU, 3.643 canais com esse perfil transmitiram a publicidade da Eletrobras, a um custo de R$12,8 mil.

O documento mostra ainda que em dois contratos — com a Agência 3 Comunicação Integrada e a Nova SB Comunicação, que somam R$ 55 milhões —  não há cláusulas sobre a distribuição do conteúdo em páginas e redes inadequadas.

À CGU, a Eletrobras afirmou que o modelo de seus contratos segue o padrão estabelecido pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

A estatal disse que a agência que lida com a distribuição do conteúdo usa "plataformas de inteligência artificial que, por automação, direcionam anúncios aos canais de plataformas como Youtube e Google usando a segmentação por público de afinidade".

A Eletrobras afirmou ainda que determinou a adoção de controles mais rigorosos e a verificação das campanhas.

As alegações da Eletrobras são parecidas com as que a Secom usou em junho de 2020, quando um relatório produzido a pedido da CPMI das Fake News identificou 2,065 milhões de anúncios pagos com verba da Secom em sites, aplicativos de celular e canais com conteúdo inapropriado.

Na ocasião, o Google afirmou que o GoogleAds permite, sim, que os anunciantes determinem quais os sites querem vetar para seu conteúdo, e que há na plataforma a possibilidade de incluir domínios e palavras-chave no filtro "excluídos".

Isso faz com que um anunciante — com verba pública ou privada — consiga proibir a plataforma de distribuir o conteúdo a sites indesejados

Fonte: Guilherme Amado/Época Globo

Foto: Shutterstock

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