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segunda-feira, 29 de maio de 2017

UM OLHO NO TSE, OUTRO NO PLANALTO: ALIADOS PREPARAM TERRENO PARA SUCESSOR DE TEMER.

Anunciada no dia anterior à revelação das primeiras informações sobre a delação do empresário Joesley Batista, a data de retomada do julgamento da ação que pode levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer (PMDB), no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), passou a ser lembrada com expectativa nas conversas a portas fechadas sobre a eventual sucessão do peemedebista, que é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal).
Entre os aliados de hoje, as quase duas semanas até o dia 6 de junho são tidas como um prazo razoável e oportuno para preparar o terreno para a eleição indireta que seria realizada pelo Congresso caso Temer tenha que deixar a Presidência da República. Em reservado, parlamentares de partidos da base do governo admitiram à reportagem que já discutem possíveis candidatos para o pleito. Decidiram, no entanto, adiar qualquer definição pública até o resultado do julgamento eleitoral. A incerteza sobre a postura de Temer diante da eventual impugnação da chapa em que foi vice da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) por abuso de poder econômico é outro argumento apontado pelos congressistas para justificar a cautela. No Palácio do Planalto, assessores ouvidos pelo UOL ecoam o discurso do presidente, que já veio a público três vezes desde que foi denunciado dizer que não renunciará. "O presidente vai lutar até o fim. Em outras palavras, ele vai recorrer ao STF", garantiu um deles. Afastam, portanto, a ideia de que ser cassado seria uma "saída honrosa" para o peemedebista, suspeito de cometer os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça. Principal aliado do PMDB no governo e dono da terceira maior bancada do Congresso, com 10 senadores e 47 deputados federais, o PSDB tem cada novo movimento observado com atenção pelo Planalto. O presidente nacional interino da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), tem declarado que o partido manterá apoio a Temer até o julgamento do TSE. Apesar dos posicionamentos públicos, ele já começou a debater a aliança com lideranças tucanas. Na última quinta (25), ele se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria.
Na sexta, no entanto, Alckmin reforçou o discurso padrão da legenda, dizendo que agora cabe ao PSDB "apoiar o governo, apoiar o Brasil", mas deixou escapar vestígios da articulação preventiva ao negar ser candidato à eventual eleição indireta. "Os dois grandes nomes são o presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati", declarou o governador, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista). A reportagem apurou que a sinalização não passou despercebida pelo radar do Planalto. A possibilidade de "conspiração" dos tucanos, como classificou Temer, é rebatida com um argumento numérico. "O PMDB tem a maior bancada do Senado e da Câmara [são 22 senadores e 63 deputados, quase 1/6 do Congresso]. Será que o PSDB realmente vai querer enfrentar essa disputa?", questionou um assessor do Planalto, sob anonimato.
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Fonte: Gustavo Maia/UOL


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