A esse ponto chegou o relacionamento entre Lula e Dilma: nesta segunda-feira, a presidente teve de defender um de seus principais auxiliares, o ministro Joaquim Levy, dos ataques de seu padrinho político. Fez isso por autopreservação, não propriamente por apreço a Levy, que já desprestigiou tantas vezes. “Acho extremamente nocivas as especulações, o que me obriga a vir a público para reforçar que Joaquim Levy fica onde está”, disse Dilma, na Turquia.
E quanto à tese de Lula segundo a qual o ministro da Fazenda tem ‘prazo de validade’? “Não concordo”, afirmou Dilma, em timbre peremptório. “Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito. Mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo”, acrescentou a criatura, com a amizade pelo criador já meio cansada.
Joaquim Levy é, hoje, o que Aloizio Mercadante foi ontem. Alvejado por Lula, Mercadante foi defendido por Dilma inúmeras vezes. Até nota oficial madame mandou divulgar para assegurar que seu ministro preferido permaneceria na Casa Civil. Lula não se deu por achado. E Mercadante foi mandado de volta à pasta da Educação. Cedeu a poltrona a Jaques Wagner, como queria Lula.
No lugar de Levy, Lula quer acomodar Henrique Meirelles. Como presidente do Banco Central, Meirelles coabitou o gabinete de Lula com Dilma, então chefe da Casa Civil. Divergiam em matéria de economia. Nessa época, suprema ironia, Dilma discordava frontalmente do receituário de Meirelles, muito parecido com o do agora ministro Levy.
Conforme já comentado aqui, ao marchar sobre Levy, Lula inova: empurra para dentro da frigideira a própria Dilma. O morubixba do PT, que já dá as cartas na condução política do governo, quer privar Dilma até de nutrir a ilusão de que preside sua equipe econômica.
Numa tentativa desesperada de demarcar o seu terreno, Dilma deixa claro que não é precisamente contra a fritura. Ela própria já andou flambando Levy. A presidente apenas é contra ser fritada. Por isso resiste. Até quando?
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