Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), nunca foi uma onda. É o que garante a socióloga Fátima Pacheco Jordão, especialista em análise de pesquisas eleitorais.
Pelo contrário. Substituta de Eduardo Campos na corrida presidencial, Marina representa a insatisfação do brasileiro, que invadiu em meados do ano passado as ruas do país em busca de melhores serviços públicos.
Aos 62 anos de idade, a socióloga afirma que Marina capitalizou os votos dos eleitores descrentes com a política por passar credibilidade no seu discurso.
A socióloga considera delicada a situação do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o senador Aécio Neves, terceiro nas pesquisas de intenção de voto. E vê estacionada a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), a presidente Dilma Rousseff.
Segundo ela, Aécio e Dilma têm a missão de encontrar um “discurso que motive, que represente a vontade da sociedade”.
A candidatura de Marina vai manter o fôlego ou é apenas uma onda?
Não é uma onda, o que ficou claro desde a primeira pesquisa. Ela cresce horizontalmente, em vários segmentos. As ondas mexem apenas com pessoas mais sensíveis. O voto consolidado (espontâneo) de Marina subiu: passou para 22%. Ela ocupa um espaço de pessoas indecisas, que iriam votar em branco. Eram pessoas que tinham com clareza a expectativa que mudaria alguma coisa, com alguém que preenchesse as demandas da sociedade.
O que impulsionou o desejo de mudança da sociedade?
O desejo vem antes mesmo da morte do Eduardo Campos. Não havia um candidato que respondesse a essa demanda. A Marina falou com clareza e as pessoas acreditaram. A população queria mudança, que não represente apenas disputa de poder, mas uma possibilidade de contribuição. A Marina respondeu o saúde padrão Fifa com o programa padrão Brasil.
Por que apenas Marina conseguiu capitalizar os votos dos eleitores insatisfeitos?
O sistema político, os partidos e os candidatos não tinham mais credibilidade. Num primeiro momento, o eleitor desprezou os partidos. Num segundo, votou em candidatos gozadores do sistema, como Tiririca. O governo Lula consolidou uma mudança que vem desde o Plano Real: a inflação e o dinheiro começaram a ter consistência. Esse processo deu ao cidadão capacidade de compra. Mudou-se o padrão de exigência. A Marina passa credibilidade daquilo que está falando.
Fonte: Gabriel Garcia/http://oglobo.globo.com/pais/noblat
Foto: Elza Fiúza/ABr
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