Deixou-nos hoje cedo o amigo CHICO ALMEIDA.
Chiquinho, como também era chamado por muitos, deixa a marca do trabalho e honradez, aliados a um espírito ameno, cordato, disciplinado, sensato.Conversar com ele era, invariavelmente, um prazer. Sabia falar e sabia ouvir — o que nem sempre é um achado fácil num mundo acelerado, com níveis preocupantes de ansiedade.
Formou com Jesus, tia querida, mulher marcante, irmã de minha mãe, um casal que certamente marcou o coração e mente de quem teve a ventura de conhecê-lo.
Uma relação que já nasceu adulta, sob o signo da compreensão, respeito mútuo, dedicação incondicional de um pelo outro, e dos dois pelos filhos queridos, pelos amigos, pela família próxima, ou não necessariamente…
Jesus, desde cedo, pela sua intuição e compreensão das relações humanas, e pela sinceridade nata — uma de suas marcas — fez-se uma espécie de conselheira informal de toda a família, ou de quem procurasse a sua opinião.
Entre ela e Chiquinho, um caminhão eterno. O honrado instrumento de trabalho, o ganha-pão que fez o chefe de família dividir seu tempo a vida inteira entre os seus e as estradas deste país continental.. A vida toda viajando, indo e vindo, buscando o sustento digno da família que ansiosa o aguardava. Foi assim… da juventude aos anos entrados.
Se algum dia, talvez, tenha pensado em parar e descansar ao lado do seu amor, isso não foi possível pois Jesus partiu cedo, muito cedo, antes da suposta decisão.
Anos depois a idade o fez parar, realmente, mas ela já não estava aqui para recebê-lo, para entregar a camisa bonita de linho que havia costurado pacientemente durante dias que pareceram eternos, como as mulheres de Atenas, para presenteá-lo na sua chegada.
Se a vida é a arte do encontro, como disse o poeta, muitos amores cresceram nos desencontros, obrigados pelas circunstâncias do dia a dia.
Foi assim com Chiquinho e sua amada Maria de Jesus.
Que o Senhor, nas suas alturas, faça-os, enfim, ter um reencontro definitivo, eternamente.
Descanse em paz, meu amigo.
Napoleão Veras
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