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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

GOVERNO VAI PAGAR R$ 60 MILHÕES PARA PROMOVER "ZELO PELA DEMOCRACIA" DE BOLSONARO NO EXTERIOR

Quase três anos depois de o presidente Jair Bolsonaro cancelar um contrato de R$ 30 milhões por ano para prestação de serviços de assessoria de imprensa internacional, alegando que gastos desse tipo eram "uma das muitas fontes de ações escusas" de grupos no poder, o governo colocou nova licitação de escopo semelhante na praça, agora pelo dobro do valor: R$ 60 milhões, a serem pagos só em 2022. 

É o maior contrato desse tipo na história do governo federal. 

O objetivo principal da assessoria de imprensa a ser contratada no ano da eleição é promover a gestão Bolsonaro no exterior. É o que informa o edital divulgado pelo Ministério das Comunicações. O briefing diz que a missão da empresa escolhida será  "apresentar ao mundo" o modelo de gestão de Bolsonaro, destacando "o zelo pela democracia e pela institucionalidade". 

Segundo o ministério de Fábio Faria, o "desafio de comunicação" da empresa escolhida será "ressaltar o comprometimento do país com a democracia, a preservação do meio ambiente, a promoção dos direitos humanos, o combate à corrupção e à criminalidade e o desenvolvimento econômico e social". 

A concorrência foi lançada no início de setembro e a abertura dos envelopes será no dia 13 de dezembro. Está sendo realizada concomitantemente a uma outra licitação, esta para a escolha de agências que vão manejar uma verba de publicidade de R$ 450 milhões do governo Bolsonaro.

Ao todo, portanto, Bolsonaro pretende gastar R$ 510 milhões – mais de meio bilhão de reais – para promover sua gestão no exterior no ano das eleições. 

No caso da publicidade, a missão é "fazer frente a informações não correspondentes à realidade disseminadas por parte da mídia e em redes sociais”. A encomenda às assessorias de imprensa vai na mesma linha: "posicionar os canais de comunicação do governo como a fonte oficial, privilegiada e idônea de informação para o público estrangeiro", disseminando "informações claras e objetivas" para "minimizar o impacto da divulgação de notícias equivocadas e de desinformação". 

Na última sexta, o general Augusto Heleno, que viajou com Bolsonaro a Roma, deu uma demonstração de como a má repercussão internacional de suas iniciativas exterior incomoda o presidente. Numa entrevista à Folha de S. Paulo, Heleno disse que o presidente foi até a Europa para "mostrar a realidade brasileira, não o que ficam inventando".  

No domingo, seguranças da comitiva presidencial agrediram os jornalistas brasileiros que acompanham a programação de Bolsonaro em Roma, durante a cúpula do G-20.  

E quais seriam as informações claras e objetivas que a assessoria de imprensa contratada pelo ministro Fabio Faria teria que divulgar, segundo o edital do Ministério das Comunicações? 

Um dos capítulos que mais chamam a atenção, pela desconexão com a realidade, é o que descreve a ação do governo na pandemia. Para o ministério, a gestão Bolsonaro  "coordenou esforços com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), com organismos internacionais e com a comunidade científica e promoveu intensa articulação entre os ministérios em busca de melhores soluções para a crise de saúde pública”. 

Fonte: Malu Gaspar

Foto: Reprodução

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