O fato político do final de semana é a manifestação pró-Bolsonaro. Os apoiadores do presidente irão às ruas neste domingo. Os organizadores prometem um movimento de amplitude nacional. Há duas possibilidades. Numa, os atos serão um sucesso, lotando as ruas das principais cidades do país. Noutra, o movimento será chocho. Jair Bolsonaro ainda não percebeu. Mas em qualquer hipótese, a manifestação será ruim para o seu governo.
Para analisar adequadamente os fatos é preciso responder à seguinte pergunta: Por que essa manifestação foi convocada? Primeiro, para dar uma resposta àquele outro movimento que levou estudantes e professores ao asfalto, no dia 15 de maio, em 220 cidades do país. Em segundo lugar, os apologistas de Bolsonaro desejam pressionar um Congresso que impõe derrotas em série ao governo.
Suponha que a manifestação seja colossal. Nesse caso, Bolsonaro pode cair na tentação de continuar governando apenas para os seus súditos. E a divisão da sociedade seria potencializada num instante em que o país precisa de unidade. O capitão pode concluir também que dispõe de musculatura para emparedar o Congresso. Isso é ótimo para massagear egos populistas. Mas não é certo que produza os votos de que o governo precisa para aprovar no Legislativo as reformas necessárias ao país.
Agora suponha que os atos pró-governo sejam miúdos. Nessa hipótese, ficará entendido que um presidente recém-eleito, com apenas cinco meses de mandato, começa a perder o apoio popular. Aí, os agentes políticos e econômicos é que podem se sentir estimulados a concluir que Bolsonaro só tem futuro se for capaz de se transformar numa espécie de ex-Bolsonaro, sábio o bastante para dissolver crises em vez de fabricá-las. Seja qual for o tamanho do barulho, o capitão ainda vai se arrepender de ter atiçado as ruas como se fosse um Hugo Chávez com sinal trocado.
Fonte: Josias de Souza/UOL
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