Operação Leviatã faz buscas em endereços ligados a Marcio Lobão, cujo pai é o novo presidente da CCJ do Senado.
Os senador Edison Lobão (MA), figura central do PMDB no Senado, foi atingido pela Operação Leviatã, desdobramento da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira 16 pela Polícia Federal. A operação é parte de uma investigação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que assumiu a relatoria da Lava Jato em substituição a Teori Zavascki, mas trata de inquérito que já estava sob os cuidados de Fachin.
O inquérito do STF que originou a Operação Leviatã investiga o pagamento e o recebimento de propina na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. De acordo com a PF, integrantes de dois partidos teriam recebido propina de 1% sobre as obras civis do empreendimento, pagas por parte das empresas integrantes do consórcio construtor.
O consórcio é composto por diversas empresas, entre elas algumas estrelas da Lava Jato, como Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS.
Em maio de 2016, Fachin autorizou a abertura de um inquérito contra Lobão a respeito de Belo Monte. No mês seguinte, confirmou a inclusão de outros investigados, todos grandes nomes do PMDB no Senado, como Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
Policiais federais foram às ruas nesta quinta cumprir seis mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em Belém e Brasília, nas residências dos investigados e em escritório de trabalho.
De acordo com o site Jota, os alvos da Leviatã são Marcio Lobão, filho do senador Edison Lobão, alçado neste mês à presidência da Comissão de Constituição de Justiça do Senado, e o ex-senador Luiz Otávio Campos (PMDB), apadrinhado de Jader Barbalho.
Marcio Lobão é desde 2008 presidente da Brasilcap, braço do Banco do Brasil no setor de capitalização. Ele foi citado na delação premiada de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, importante subsidiária da Petrobras. De acordo com Machado, Lobão recebia 300 mil reais por mês, em dinheiro vivo, em um endereço no Rio de Janeiro. No total, diz Machado, pessoas ligadas a Edison Lobão receberam mais de 20 milhões de reais em propina.
Luiz Otavio Campos foi senador pelo Pará entre 1998 e 2006. Em 2012, ele foi condenado pela Justiça Federal por desvio de 12 milhões de reais em dinheiro público. Quando recorria, a punição prescreveu. Em 2016, enquanto tentava se manter no Palácio do Planalto, a então presidenta Dilma Rousseff indicou Campos para a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq). Na época, ele era secretário-executivo da Secretaria de Portos, então comandada por Helder Barbalho, filho de Jader.
Os investigados, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O nome da operação parece ser uma alfinetada na família Lobão. Segundo a PF, "Leviatã" veio do famoso livro do filósofo político Thomas Hobbes, no qual o autor afirmou que o “homem é o lobo do homem” ao debater o papel do Estado na organização da sociedade.
Fonte: Carta Capital
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