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terça-feira, 24 de abril de 2018

A INTERTV E O JORNALISMO DE MÁ VONTADE.

Uma das máximas do jornalismo, a de que ele é oposição, tem se perdido nos últimos tempos com a necessidade obsessiva de setores da imprensa em cruzar os limites da responsabilidade na cobertura e dedicar espaço praticamente a um único ponto de vista.
É da liberdade de expressão e a regulação a esse tipo de conteúdo deve ser feita pelo controle remoto. Mas, quando lucros de empresas jornalísticas se originam em orçamentos públicos, a conduta apontada no início do texto não deve passar despercebida, pois passível de crítica.
No Rio Grande do Norte, a postura da representação local da Rede Globo tem demonstrado a filiação de seu pensamento editorial não à verdade, mas à má vontade com que a Intertv move seus jornalísticos.
As evidências sobre esse comportamento já eram notadas há muito tempo, nas redes sociais, instituições e mercado publicitário, mas, nesta segunda-feira, ficou impossível não apontá-las.
Com o Rio Grande do Norte emplacando uma série de notícias negativas na imprensa nacional, resultado, é bem verdade, da desorganização do poder público, a Intertv vinha destacando a cada início de semana tudo aquilo que o Fantástico trouxesse de negativo sobre o Estado na noite do domingo.
Antes mesmo da matéria na revista eletrônica semanal ir ao ar, devemos lembrar, a Intertv passa a semana anterior destacando o material em chamadas, convidando o telespectador a assistir mais uma mazela sobre o Estado.
É como se a Venus Platinada do RN, usando a marca da Globo, tenha se proposto a se tornar um Aqui Agora, jornalístico marcado pelo sensacionalismo. A despeito do esforço, o jornalismo que concorre com a Intertv continua liderando na faixa do meio dia, justamente aquele cujo assunto é cobertura policial.
Na edição de ontem do Fantástico, a repórter Sonia Bridi dedicou destaque à transformação de Alcaçuz em parte de sua reportagem especial sobre a cidade menos violenta e a mais violenta do Brasil.
Nada do que foi tão elogiado pela reportagem do Fantástico foi reproduzido nem no G1RN nem nos jornalísticos da Intertv.
A lógica contrária vigorou no G1 de Santa Catarina, que, com orgulho, destacou em sua capa que a cidade de Jaguará do Sul é a mais pacífica do Brasil. A reportagem do Fantástico destacou todas as políticas desenvolvidas pelo poder público na cidade e isso se tornou motivo do G1SC dar o assunto em destaque, sem a necessidade de só citar o poder público se for em contexto de acusação.
Na edição de ontem, ao encerrar sua matéria, Sonia Bridi informava que no próximo domingo, a série na qual está trabalhando vai destacar como a violência sofreu uma escalada em Natal.
Alguém tem dúvida de que os jornais da Intertv vão passar a próxima segunda-feira reprisando o conteúdo? Importante salientar que a tv tem uma das equipes mais competentes do Estado e não se faz aqui críticas à excelência de seus funcionários, mas ao modo o qual a empresa decidiu empregar seus talentos.
Ao aderir tão rançosamente a um lado da notícia, a Intertv tolhe a liberdade de expressão com o desequilíbrio que promove. É uma crítica necessária para que a emissora reflita sobre as razões por que decide abrir espaço sempre para acusação, sem o mesmo destaque para o contraponto.
Promover a condenação prévia não guarda relação alguma com a atividade jornalística. A reflexão que lançamos aqui não tem cores partidárias. Ela reflete uma percepção que vem sendo constante nos últimos tempos.

Fonte: Blog do BG

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