O resultado da aprovação do pedido de antecipação dos royalties do petróleo não causou surpresa. Afinal de contas, são apenas cinco vereadores na oposição contra dezesseis que votam de forma sistemática tudo que foi encaminhado pelo prefeito, sem necessidade de uma mínima discussão dos efeitos de qualquer aprovação. Mas, esperava-se mais cuidado no encaminhamento dessa votação em especial, pela pressão popular que se formou em torno da proposta, onde até o ministério público foi envolvido, a pedido dos próprios vereadores. De nada adiantou. Autorizado pela maioria da Câmara de Vereadores, o prefeito fará empréstimo superior a R$30 milhões, em banco particular, tendo como garantia percentual do depósito mensal dos royalties pagos pela Petrobrás à prefeitura de Mossoró. Muito dinheiro, até mesmo para uma prefeitura de Mossoró, mas insuficiente para cobrir o débito do Executivo com a Previdência municipal.
A aprovação do empréstimo aconteceu no mesmo dia em que a imprensa nacional abriu manchetes para denunciar a compra de um avião com dinheiro do fundo partidário pelo Partido Republicano da Ordem Social, PROS. A assessoria de imprensa do partido divulgou que a legenda pagou R$ 400 mil pela aeronave e justificou que muitos municípios brasileiros não contam com aeroportos que possibilitem seus filiados cumprirem seus compromissos partidários. Antes, o presidente nacional do PROS havia adquirido carro de luxo para deslocamento em Brasília. Vários parlamentares que estão filiados a essa legenda divulgaram notas protestando contra a atitude do presidente. No meio de toda essa crise, o PSDB anunciou a retirada de apoio ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que terá mais dificuldades em se manter no cargo. São fatos, em um só dia, que parecem mostrar mudanças no comportamento não apenas do eleitor, mas também dos políticos.
Pelo novo calendário eleitoral, faltam apenas oito meses para a realização da convenções partidárias que homologarão os nomes dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores. Oito meses é muito pouco tempo, insuficiente para um debate mais amplo sobre tudo que acontece na política. A eleição em primeiro turno, como é o caso de Mossoró, acontecerá no dia 2 de outubro. A campanha ainda nem começou mas já se aposta em sua judicialização, dependendo, sobretudo, do juiz eleitoral que for escolhido para presidir o pleito. Verdade, nem todos pensam da mesma maneira. O período de propaganda dos candidatos no rádio e na TV foi diminuído de 45 para 35 dias, tendo início em 25 de agosto. Muitos estão vibrando com essa diminuição do horário eleitoral gratuito, mas essa medida poderá não ser tão positiva em termos de democracia. Melhor para os que já estão na política há mais tempo e têm o nome mais fácil de ser lembrado.
Em Mossoró vem ocorrendo um fato que pode substituir, em parte, a diminuição do tempo eleitoral. Praticamente, todas as emissoras de rádios, TV, redes sociais e outros meios de comunicação estão criando programas dirigidos especificamente para a área política. Haverá oportunidade de um maior debate, com ideias diferentes, conflitantes também, que poderão auxiliar os eleitores na decisão da escolha do candidato a ser eleito. Quem for disputar algum mandato eletivo pela primeira vez terá que se rebolar, procurando espaço em todos esses informativos, caso contrário não terá chance de ser conhecido até o dia da votação. Se a classe política reclamava do TSE pela limitação de espaço durante o período eleitoral, ela mesma se encarregou de fazer com que isso acontecesse. Não se deve afastar a hipótese de ter havido jogo de interesse. Isso significa dizer, mais facilidade de manutenção na política daqueles que já fazem parte dessa complicada atividade.
Fonte: Observatório Político
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.