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sábado, 19 de setembro de 2015

LULA SE ENCONTRA COM CUNHA EM BRASÍLIA PARA PEDIR COLABORAÇÃO COM O GOVERNO.

Tanto interlocutores do Palácio do Planalto quanto aliados do presidente da Câmara confirmam que o encontro ocorreu nesta sexta-feira.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula procurou nesta sexta-feira o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está rompido com a presidente Dilma Rousseff desde julho, para pedir ajuda para o governo. Em sua passagem de dois dias por Brasília, Lula teve seguidas conversas para tentar melhorar a situação política do governo no Congresso. A reaproximação com o PMDB está no cerne da articulação defendida por ele. A preocupação principal de Lula é conseguir aprovar o ajuste fiscal e impedir o avanço das pautas-bomba e dos processos de impeachment que tramitam no Congresso.
Nesse esforço, Lula se encontrou às 7h reservadamente com Cunha — visto no Planalto como o maior problema do governo no Congresso. O presidente da Câmara negou que tenha encontrado Lula, mas tanto interlocutores do Planalto, quanto aliados de Cunha confirmam que o encontro ocorreu no hotel onde o ex-presidente se hospedou em Brasília. A assessoria de Lula, por sua vez, disse que não poderia confirmar a agenda.
Mais tarde, já no Rio, Cunha criticou o governo por conta do ajuste e sugeriu que, em vez de propor a retomada da CPMF, faça cortes nos programas sociais:
— Há programas sociais que subiram de custo, que a aplicação subiu muito sem analisarmos um ano antes da eleição e agora. O governo quer manter o mesmo nível de investimento nesses programas. Então, não tem sentido pedir imposto à sociedade para financiar isso. Em vez de querer colocar um imposto temporário, deveria cortar temporariamente o gasto.
Cunha classificou a falta de um “plano B”, reconhecida pelo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva, como uma “mensagem ruim”.
— Mostra que você não tem alternativa, mas sempre tem. Quando uma empresa gasta mais do que arrecada, demite, para de vender, entrega o escritório, pede falência. O Estado não pode fazer isso. Tem que chegar e se limitar. Se tenho gastos, investimentos ou programas sociais que faço em função da minha arrecadação, não posso fazer isso me endividando. É impossível não ter um plano B. Tem que ter.
Depois do encontro com Cunha, Lula foi às 8h conversar com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a quem criticava por minar as relações com o partido do vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Na reunião que manteve com ministros, na noite de quinta-feira, Lula defendeu que Dilma prestigie o partido do seu vice-presidente. Na avaliação de Lula, sua sucessora deveria, antes de anunciar a reforma ministerial, que implicará redução do número de pastas, chamar todos os partidos aliados para uma negociação e não apenas para avisá-los das mudanças. Ele também pregou que o PMDB volte à articulação política do governo.
— Ou abraça o urso, ou morre — disse um amigo de Lula que participou das conversas.
Nas conversas que manteve, Lula ouviu que o clima no Congresso é o pior possível para o governo, com pouca chance de aprovação da CPMF, e que a relação política está muito deteriorada, o que dificulta mais a chance de Dilma conseguir emplacar o pacote sem fortes mudanças.
Um dos parlamentares que estiveram com Lula relatou ao GLOBO que ele afirmou concordar com a essência do pacote, mas que tem muita preocupação com o “ânimo” dos parlamentares em aceitar aumento de impostos e projetos como o que congela o reajuste dos servidores.
Lula disse a aliados que sabe a pressão a que todos estão submetidos, mas que o ajuste precisa ser entendido como a alternativa de superar a crise e projetar uma melhora do quadro político e econômico para os próximos anos. E avaliou que é preciso reorganizar a relação com os partidos que dão sustentação ao governo. Ele defendeu que Dilma use a redução de ministérios e a reforma para “fidelizar” seus votos no Congresso. Apesar de estar incomodado com o fato de não ter sido avisado previamente sobre o conteúdo do pacote fiscal e insatisfeito com a atuação da sucessora, Lula busca ajudar para tentar melhorar o cenário atual.

Fonte: Simone Iglesias e outros/http://oglobo.globo.com/

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