Ao final de uma semana em que PT e PSDB arrastaram 2014 para dentro de 2013, Fernando Henrique Cardoso recuou a 2002. Recordou que Lula o aconselhara a desfrutar da ex-presidência com discrição. Acha que o conselheiro, agora também de pijamas, esqueceu de seguir o próprio conselho.
“Ele está tão ligado às coisas do governo que dá impressão que é um presidente adjunto”, bicou o grão-tucano. “Não acho que isso seja institucionalmente bom. Pergunta lá em São Paulo se eu indiquei alguém para o governador. Se o presidente Lula quer fazer isso, não é ilegal. Só acho um pouco estranho.”
Para FHC, as intromissões de Lula projetam sobre Dilma Rousseff “uma sombra.” Sombra “grande” e desnecessária. “Ele devia fazer o que ele me aconselhou a fazer. Eu opino de vez em quando.” Sobre os ataques do petismo e de Lula à era FHC, o alvo comentou: “Para o bem do Brasil é preciso que as pessoas respeitem as regras. E que entendam que não podem tratar o adversário como inimigo.”
Prosseguiu: “Infelizmente, a tática toda a vida do PT tem sido oposta a isso: nós somos bons, vocês são maus.” FHC acha que, no campo da ética, a dicotomia já não cola. Por quê? Os petistas agora “têm o mensalão na testa.” Irônico, disse que a fixação de Lula e Cia. por tudo o que se relaciona a ele pede um divã.
“A relação do PT comigo pessoalmente e com meu governo é de psicanálise. Tem que tirar o pai da frente. Eles sabem que quem fez a estabilização fomos nós, quem começou as políticas sociais fomos nós. Não é que eles não tenham melhorado, mas por que precisa dizer que a gente não fez nada?”
Tentativa de psicosíntese: mais parecidos do que se imagina, petistas e tucanos são seres incuráveis. Na aparência, assemelham-se aos outros seres humanos. Algo, porém, os distingue da malta: o ego vaza-lhes por cima. Dada a complexidade de suas personalidades, não é possível reuni-los num único complexo.
Fonte: Josias de Souza
Caricatura: Frga
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