A população brasileira está "cada vez mais indignada" com os sucessivos escândalos de corrupção e a crise política que atingiu o presidente Michel Temer, mas essa indignação, em vez de se canalizar em um "grito de basta" suficientemente forte para promover mudanças, vem se traduzindo em "desolação, apatia, conformismo", considera o sociólogo Sérgio Abranches.
"As pessoas das mais variadas procedências estão dizendo 'não tem jeito', 'eu quero ir embora'. Essa é a pior reação", opina Abranches. "Eu gostaria de ver uma explosão social, gostaria de ver o povo na rua, completamente indignado, não aparelhado, realmente disposto a ir às últimas consequências, se necessário, para mudar a situação."
O sociólogo de 67 anos acha ser necessária uma "ruptura" para restabelecer a representatividade política, uma reação popular desgarrada das "velhas estruturas partidárias".
"Não estou defendendo a baderna. Mas essa (a mobilização social) é uma das poucas saídas que vejo para mudanças mais radicais no Brasil", diz à BBC Brasil em sua casa no Rio de Janeiro.
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Autor do recém-lançado livro A era do imprevisto: A Grande Transição do Século 21 (Companhia das Letras, 2017) e colunista da rádio CBN, Abranches considera que o governo Temer não tem mais salvação após a crise deflagrada pelas delações da JBS e acha que o presidente comete um "segundo crime de responsabilidade" ao prolongar sua permanência no poder.
VEJA ENTREVISTA COMPLETA AQUIFonte: Júlia Dias Carneiro/BBC Brasil
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