Casal foi filmado em julho fazendo gestos racistas; Polícia Civil classificou a conduta como "grave"
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) salientou que foram analisadas as imagens para o indiciamento do casal. Testemunhas também foram ouvidas. O relatório, que será enviado para o Ministério Público do Rio de Janeiro, classificou os atos como graves.
“O ato praticado associou negativamente indivíduos ou grupos, especialmente em relação à população negra, uma vez que esse comportamento é carregado de uma história de racismo, já que a comparação entre pessoas negras e macacos foi amplamente usada para desumanizá-los e discriminá-los ao longo da história", destacou um trecho da conclusão do inquérito.
O relatório da polícia diz ainda que, mesmo considerados como "brincadeiras", os comportamentos podem perpetuar traumas e desigualdades sociais, além de ferir a dignidade humana. “O que torna imprescindível a necessidade de conscientizar e educar a sociedade sobre os impactos históricos e emocionais de tais ações. O crime, de acordo com a legislação vigente, é inafiançável e imprescritível”, ressaltou a corporação.
O caso
As cenas que mostram o casal fazendo gestos racistas foram divulgadas em 21 de julho. O caso veio à tona quando a jornalista Jackeline Oliveira filmou o ato e denunciou o racismo na internet. As cenas foram registradas na Praça Tiradentes, no centro da capital carioca, durante edição da roda de samba Pé de Teresa.
No vídeo, é possível ver que além de imitarem gestualmente, o homem e a mulher, ainda não identificados, também emitiram sons imitando macacos. De acordo com o relato da jornalista, publicado nas redes sociais, após ela observar a cena ela chamou os seguranças do local para pedir que o casal interrompesse com os atos.
“Eu decidi que isso era pouco, precisava ter feito mais. Acredito que se eu não tivesse filmado, isso nem seria divulgado, ninguém saberia. É uma falta de respeito”, disse em um vídeo publicado no Instagram. Logo após a divulgação, a Polícia Civil começou a investigar o caso. A roda de samba Pé de Teresa afirmou que as cenas são inaceitáveis.
“O nojo toma conta de nossos pensamentos e palavras. Nojo de toda essa branquitude disfarçada de paz e amor que vem no samba. Só não foram expulsos porque o fato não chegou à ciência de nossa produção. O samba é lugar de gente preta e feito por gente preta. Nosso samba é nosso quilombo, nosso espaço de existência e resistência”, diz o texto publicado nas redes sociais.
O casal não foi localizado para se pronunciar sobre o caso.
Fonte: Simon Nascimento
Foto: Reprodução/Instagram
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