Levantamento mostra que ações do presidente após derrota copiam táticas do americano nas eleições de 2020 nos EUA.
A tensão pós-eleitoral no Brasil não tem nada de espontânea. E nem de original. Ela apenas completa uma estratégia empregada desde a vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018 – que, por sua vez, imita a estratégia adotada pelo ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos.A Agência Pública analisou algumas das principais ações adotadas pelo presidente americano acerca da sua derrota eleitoral em 2020 e as comparou com as ações de Jair Bolsonaro e seu entorno mais próximo.
Desde a produção de dossiês falsos até ações judiciais e a criação de memes com Fake News sobre a votação, as semelhanças entre as ações dos dois presidentes antes e depois das eleições permitem afirmar que se trata de um Playbook – um manual que segue um roteiro para erodir a confiança no resultado eleitoral, manter o eleitorado engajado e semear o terreno para ações de desestabilização das instituições democráticas.
Esse “manual” não é replicado no Brasil por acaso. A família Bolsonaro gastou imenso tempo e esforço para construir alianças nos Estados Unidos. Eduardo Bolsonaro conheceu o ideólogo da ultradireita americana Steve Bannon em agosto de 2018 e, meses depois, foi nomeado representante sul-americano do The Movement, uma plataforma de partidos políticos de direita. Desde então, se reuniu com os principais apoiadores de Trump 77 vezes, conforme a Pública revelou.
Entre os políticos com quem ele mantém relacionamento estão figuras-chave para a falsa narrativa de que teria havido fraudes nas eleições de 2020 nos EUA, como o empresário Mike Lindell, o ativista Ali Alexander, que coordenou as passeatas do movimento “Stop The Steal” (pare o roubo) e o próprio Bannon. Todos eles passaram a espalhar para o público americano a versão fantasiosa de que as nossas eleições presidenciais teriam sido roubadas.
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Fonte: Natália Viana/Agência Pública
Foto: Agência Brasil
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