Talvez o desejo de que muitos a lessem, como eu, mesmo que de relance — sem diminuir o brilho do verso radical, só e solto, posto ali a sol e chuva, como um grito, um berro, ou um sussurro de amor em meio ao desespero de buzinas, freios, arrancadas.
Quem haverá de saber?
De imediato, confesso, identifiquei no verso um meio-tom de desilusão. Talvez a dor de um punhal de amor. Ou as cinzas do desamparo. Alguém que tenha apostado as fichas em alguém, talvez todas, acreditado piamente, mas um dia, quiçá ali, sentido não ter chegado ao mar azul avistado.
E por isso voltado descrente em procura do primeiro amor, do colo materno morno, a declará-lo único, inigualável, e certamente insubstituível.
Assaltaram-me algumas explicações possíveis, outras nem tanto, até me render à mais prosaica de todas, a que acredita na frase linear, limpa e seca, cúmplice do que dizem as palavras em sua semântica lavada— sem divagações, sem subterfúgios, ou literaturas.
Simplesmente um gemido de filho ou de filha que revela ao mundo de más notícias a sua sentença amorosa, de dentro, com pincel de caligrafia graciosa: Amor é só o dela.
Quem sabe, por imenso, incondicional, eterno. Ou, por mil e uma outras razões.
Napoleão Veras
Meu beijo na memória da minha mãe. E em todas as mães do mundo — igualmente lindas.
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