A população potiguar vive uma escalada de crimes nos últimos anos: o Estado é o mais violento do país; é onde os assassinatos mais cresceram desde 2006; e também onde mais se mata jovens entre 15 e 29 anos.
Há um jovem morto deitado no banco de trás do carro. Foi assassinado com três tiros na cabeça. O veículo, um Palio roubado horas antes, saiu da pista e invadiu um matagal, como se o motorista tivesse perdido o controle da direção. A rua é de paralelepípedo e mal iluminada. Estamos na zona rural de São José de Mipibu, cidade a 31 km de Natal. "Esse aí, se tivesse 20 anos, era muito", diz uma perita.
Já a delegada Andrea Oliveira, responsável pelo plantão noturno, afirma: "E eu achando que ninguém iria morrer essa noite...". De fato, há dias em que ninguém é assassinado na Grande Natal, mas, momentos assim, de relativa paz, ainda são raros no Estado onde mais morrem jovens de forma violenta no Brasil, proporcionalmente.
Recentemente, o Rio Grande do Norte assumiu a posição de Estado mais violento do país. Em 2017, foram 62,8 mortes violentas por 100 mil habitantes, maior índice entre as unidades da federação. É também o local onde essa taxa mais cresceu entre 2006 e o ano retrasado - alta de 320%. Entre as pessoas de 15 a 29 anos, os jovens potiguares também são os que mais morrem em crimes violentos - 152 vítimas para cada 100 mil, crescimento de 482% desde 2006. Como comparação, em São Paulo esse índice é de 18 mortes por 100 mil.
Os dados são do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram compilados pelo Atlas da Violência, publicação anual do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Nesse cenário, a polícia potiguar tenta acompanhar a produção em massa de assassinatos. Na noite em que a BBC News Brasil acompanhou uma equipe da delegacia especializada em resolução de homicídios, a região metropolitana de Natal produziu três novas vítimas - todas com menos de 30 anos.
No caso de São José de Mipibu, a morte parece um mistério nos primeiros minutos após o corpo ser encontrado no carro. Como ele foi parar ali? Por quê? Quem matou o jovem?
Enquanto os peritos reviram o veículo e examinam o corpo, a delegada Andrea Oliveira fica sabendo que o carro tinha sido roubado horas antes. "Parece que esse rapaz entrou em uma casa com um comparsa. Os dois roubaram a residência e levaram o carro", relata.
"Será que, depois do assalto, os dois brigaram por causa dos pertences do roubo e um acabou matando o outro?", questiona.
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Fonte: Leandro Machado/Enviado da BBC News Brasil a Natal
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
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